– Às suas ordens, meu jovem!
Sou recebido com amabilidade na loja. O balconista não me perguntou o nome nem me estendeu a mão. Sorriu-me como se fôssemos amigos desde a infância. Olhei os produtos da loja, sempre acompanhado de perto pelo vendedor, certo da comissão que iria ganhar. Nada comprei e me despedi dele. Ele era jovem. Eu, não.
Tenho várias denominações: cliente, consumidor, contribuinte. Nestes casos, o PIB depende de mim. Além desses tratamentos comuns, poderia ser chamado de Senhor, Idoso, Velho, Terceira Idade ou dessa ridícula Melhor Idade na qual tudo se esquece e tudo beira à incontinência. O jovem vendedor preferiu equiparar-me a ele em vez de me alcançar uma muleta.
Todo mundo sabe o que se pensa e se diz dos idosos ou dos velhos quando estão ao volante, no caixa do banco ou do supermercado. A Terceira Idade é tratada com privilégios e com linguagem jurídica. Está nas placas ao lado de gestantes e deficientes físicos. Já a Melhor Idade é vista em reuniões dançantes de abrigos de velhos ou cerimônias promovidas por organismos oficiais para fazê-los esquecer das câimbras e da rigidez dos movimentos.
Entrei jovem naquela loja e, como saí sem comprar, ouvi a verdade nua e crua quando já estava fora da porta: Velho é assim!
Parei na calçada, cocei o queixo e me perguntei secretamente: Assim, como?
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