domingo, 25 de outubro de 2009

O JUDAS DO LULA

Meu caro Pedro de Montemor, você não estava aqui quando o senhor Lula se excedeu na fala. Ultimamente, sua qualidade de boquirroto político surpreende a cada dia. O senhor Luiz Inácio não só imagina como tem certeza de que seus assessores mais próximos, a quadrilha de deputados e senadores que o apóiam, as grandes empresas e empresários a quem lhe dá contratos milionários para realização de obras, são tão belos e inocentes quanto os anjinhos de Rafael Sanzio.
Houve tempos, no século passado, em que ele afirmava haver “300 picaretas” no Congresso e que o senador Sarney era o “maior grileiro do Maranhão”. Apelava ao Tribunal de Contas da União para acabar com a farra às custas do orçamento e debelar a ladroeira pública.
Hoje, (não ria de mim) acha absurdo que o TCU fiscalize as obras impecáveis do PAC, sigla desagregada nas rodas íntimas da presidência como “programa de ajuda aos companheiros”. Em seu governo, a inocência, a pureza e a honestidade do enriquecimento estão acima de qualquer suspeita e de qualquer instituição pública que pretenda fiscalizar em favor do bem comum.
Faz poucos dias, invocou a autoridade de Jesus Cristo. Já o havia feito antes, há dois ou três anos, com menos arrogância, comparando-se ao Messias que veio para salvar o Brasil. Desta vez, sentiu-se ofendido da acusação infundada de ter levado para seu círculo administrativo e político a pior equipe de raposas políticas que vem atacando o galinheiro nacional todas as noites durante cinquenta anos. Mas todos eles têm historia e não podem ser tratados como homens comuns.
Em resposta a essas agressões, disse o senhor Luiz Inácio, depois de uma celebração política, que se Jesus Cristo viesse a ser presidente da Palestina teria que fazer aliança com Judas. Como é que ele sabe disso? Mas o que intriga os poucos que ouviram seu desabafo ético é saber quem é o Judas deste governo. Judas, segundo a lenda, era um dos doze que andavam com Jesus para cima e para baixo e lhe havia sido confiada a chave do cofre onde se guardavam as dracmas.
Com muita prudência lhe submeto algumas especulações. Será o Mantega? O Meireles? A Rousseff? (com esse nome!) O Zé Dirceu? O Palocci? O Genro? A Salviati? O Marco Aurélio? O Sarney? O Collor? Eis a delicada questão que ficou no ar. Eis a dúvida que paira sobre esses apóstolos que descobriram o Brasil em 2003 e inventaram a boa nova da roda redonda para multiplicar as moedas de ouro na ciranda financeira.
Quando a turba toda que comeu os pães e os peixes mandar para a cruz o senhor Luiz Inácio, aparecerá o Judas em todo o esplendor de sua traição.

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