segunda-feira, 29 de junho de 2009

POR QUE NÃO CONOSCO?

(Resposta à matéria paga POR QUE SÓ CONOSCO? – publicada no Correio Braziliense, p. 10, de 23 de junho de 2009)

Assombro e repulsa. Talvez sejam palavras débeis para expressar os sentimentos que animam os ecologistas, ambientalistas, organizações não governamentais, funcionários do ministério público, professores e cientistas de universidades e centros de pesquisa de todo o país. Não é de hoje que se movem os interesses sobre a Amazônia e o Cerrado, com as consequências desastrosas e bem conhecidas da destruição da Mata Atlântica em nome do desenvolvimento. Os princípios constitucionais são desprezados e até vilipendiados. Os valores da livre iniciativa são glorificados e, os do trabalho, ignorados. O art. 5º. da Lei Maior tornou-se letra morta, principalmente em seus parágrafos XIII, XXIII e LXXIII; art. 225, §1º. VII, §3º. §4º.
Sabemos todos que o processo de ocupação da floresta amazônica e do cerrado decorreu de políticas erráticas do governo federal, na década de 70, e intensificada pelos sucessivos governos até nossos dias. Incentivou-se a produção de soja, cana de açúcar, criação extensiva da bovinocultura e exploração ilegal e ilícita da madeira. A “exigência legal” de abater 50% da floresta, aceita sem reservas, para obtenção de título de terras, constituiu um vergonhoso crime ambiental inafiançável.
Com o apoio da SUDAM, do Banco Mundial, dos bancos oficiais do Brasil e da Amazônia, através dos programas PIN, PROTERRA e POLAMAZÔNIA incentivou-se a pecuária, uma das atividades mais devastadoras do meio ambiente e estimuladora de corrupção e de desonestidade dos empresários e funcionários públicos.
Os que acreditam na proposta e no enfrentamento de todas as dificuldades de proteção da Amazônia e do Cerrado, em benefício de toda a população brasileira por sua riqueza florestal e ambiental, são hoje considerados inimigos da pátria e até organizadores de gangues paramilitares e financiadores da guerrilha com seus salários invejáveis de professores de escolas públicas. Por que devem os ambientalistas ser responsabilizados pelo caos fundiário estabelecido pelos invasores da Amazônia, pelos incendiários das florestas, pelos madeireiros inescrupulosos acima da lei e da ordem? Não podemos mais admitir essas aberrações ambientais e as transgressões legais que ofendem a consciência nacional, a cidadania e os brios de todos nós.
Não há que desistir. Resistir é preciso. Sempre é tempo para que os defensores do crescimento econômico a qualquer custo reconsiderem os erros que se cometeram e continuam sendo cometidos em busca de números estatísticos encorajadores do PIB, acumulando riquezas fora do alcance da justiça e da distribuição equitativa do patrimônio nacional.
Alertamos o povo brasileiro e, em especial, a gente honrada e trabalhadora do país, que é chegada a hora de reagir. Nossa dignidade de cidadãos está ferida. Querem aniquilar nossas florestas a serviço de conhecidas manobras internacionais da globalização, arrotando um insano discurso de crescimento a qualquer preço, tão ambientalmente insustentável quanto os valores de seus defensores.
Iremos, dentro da legalidade, da liberdade de pensamento, lutar em defesa do patrimônio ambiental do Brasil, até às últimas consequências. Na defesa dos interesses maiores da Nação, honrando a tradição heróica de nossos antepassados, lutaremos pelo respeito ao povo brasileiro e aos direitos de todos a desfrutar das riquezas ambientais do nosso país.

Eugênio Giovenardi
Sítio das Neves
Engenho das Lajes
Distrito Federal
www.eugeobservador.blogspot.com
eugeniogiovenardi@gmail.com

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