segunda-feira, 13 de abril de 2009

VERDE, ÁGUA VIRTUAL

Brasília, em quase toda sua extensão de Projeto Piloto, é bem arborizada. Sem medo de ser chato, reafirmo que o inimigo declarado do verde é a obsessão do homem e dos administradores públicos pelo automóvel particular como principal meio de locomoção.
O Departamento de Parques e Jardins e seus auxiliares terceirizados, a par de bons cuidados no plantio de plantas usam, sem muito respeito, motosserras, facões, raçadeiras e foices. Cortar, desgalhar, abater são decisões tomadas com critérios primitivos.
Os encarregados dessas tarefas e, provavelmente, seus chefes não associam o verde à água. Água virtual. Num galho verde ou num tronco de meio-metro cúbico há uma quantidade razoável de água que ajuda a manter a umidade do ambiente. Eliminar árvores para dar espaço aos carros ou amputar parte delas é provocar o secamento do ar, o aumento do calor e o desconforto consequente.
Respirar o oxigênio sob as árvores durante meia-hora ao longo da jornada produz efeitos saudáveis ao organismo como comprovam pesquisas e estudos. (Veja-se o exemplo da pedagoga Gisele Schiavo, Cotia, São Paulo, que construiu uma escola em sua chácara.) O verde tranquiliza as crianças e os professores.
Algumas escolas que visitei no Núcleo Bandeirante (DF) e no Engenho das Lajes (DF) são verdadeiros bunkers cercados de muros e pátios cimentados para o recreio dos alunos. Deve haver, no DF, dezenas de escolas na mesma situação. Grandes edificações de colégios particulares, com estacionamentos para os carros individuais de professores e alunos trocaram as árvores, a água virtual, a umidade e o conforto pelo número de alunos com Ipod e MP4 no ouvido e celular na mão.

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