quinta-feira, 23 de abril de 2009

SOCIÓLOGO AMBIENTALISTA

Ouvindo-me falar sobre cuidados com a natureza, proteção de plantas e águas do Cerrado, o jornalista perguntou se eu era biólogo.
Não sou, mas estudo os seres vivos e a variada forma de relacionamentos entre eles. Analiso a influência do verde, da água, dos bichos nos comportamentos das pessoas como indivíduos e como grupos organizados, famílias isoladas no campo, agrupamentos urbanos, pequenas e grandes cidades. Constato a luta das pessoas pelo espaço físico, a reação provocada pelos fenômenos naturais, sua compreensão e o seguimento das leis físicas, a confiança, o temor, o contentamento proporcionado pelo desfrute de uma boa colheita, o desânimo diante dos infortúnios imprevistos e imprevisíveis de uma seca avassaladora ou de inundações periódicas.
Pensei e atuei como sociólogo ao longo de quarenta anos, exercendo atividades profissionais perto das pessoas e das formas de sua organização. Conheci o mundo. Aprendi outros idiomas para ouvir, ler e falar com outras culturas.
Em Galápagos, no meio do Oceano Pacífico, entre lobos marinhos e focas, caimães e fragatas, fui sequestrado pela natureza. Ela me levou além de mim mesmo, me transportou para fora do imediato e mostrou-me um universo sem tempo. Fundiu o passado e o futuro num presente que inicia a cada instante, interminavelmente.
Mudei o paradigma de observação do universo. Saltei dos comportamentos irrequietos das pessoas ao ser imperturbável da natureza. A grandeza da pessoa está na compreensão simples de que ele faz parte do universo e que a paz intelectual nasce do respeito com que pisa o chão.
A cada ser foi dado um espaço a ser ocupado e preservado. O confronto entre o homem e a natureza se produz nas circunstâncias em que, para sobreviver, precisa destruir parte da vida que pulsa a seu redor. Árvores transformam-se em casas ou simplesmente queimam ao ar livre para dar lugar às plantações. Pródiga, a natureza responde à ação do homem e lhe dá, na medida do possível, o alimento que o sustenta. Mas a natureza também se exaure. Os desertos aparecem, entre outras causas, pela ocupação pouco inteligente da terra disponível. O corte indiscriminado dos bosques e a maneira incorreta de produzir alimentos devastam imensas regiões. Desaparecem milhares de espécies, secam nascentes de água e rios.
A harmonia assegurada em Galápagos e a convivência das espécies nesse refúgio do Pacífico constituem lição e exemplo à humanidade. Ocupar o espaço e protegê-lo me pareceu uma verdade substancial tão desprezada pela espécie humana.
Transformar o espaço em ambiente de vida, de trabalho e de paz interior seria, desde então, minha tarefa cotidiana. Para alertar a espécie humana em sua fúria incontrolável de apossar-se das riquezas naturais, devotei-me a conhecer, observar, ouvir e falar com plantas, pássaros e bichos e a preservar nascentes de água, fonte suprema da vida.
A sabedoria natural das plantas e animais se choca com a estupidez, a ignorância e certos interesses do ser humano. Ao me conciliar com a natureza, ganhei, de repente, milhões de amigos: plantas, insetos, pássaros, bichos do mato e algumas pessoas. Os que desrespeitam a natureza são esses poucos amigos pertencentes à espécie humana. Lixo e fogo, entre outros costumes, são atitudes primitivas de desrespeito à inocência da Terra. Os inimigos da natureza são, em consequência, inimigos de si mesmos e meus porque eu sou, como eles, parte dela.
É sempre bom lembrar, como integrantes da espécie humana, que não somos maioria no planeta Terra. Há outros bilhões de seres que têm o direito de ocupá-la. A vida é um bem de todos os seres vivos que nos rodeiam. Somos uma sociedade plural, interdependente. Ninguém é dono de ninguém, sábio grito da liberdade universal.

Um comentário:

GLOBOMANIA disse...

Programa de coleta de agua de chuva de uma cidade



será que já não esta na hora de acabar com as enchentes
das grandes cidades.
Que tal trazer as cisternas do nordeste para as cidades.
De que forma? cada casa ter sua própria cisterna no
quintal, com toda canalização de agua de chuvas direcionada
para esta cisterna para ficar estocada. E a Sabesp fazer
piscinões em cada bairro para receber as aguas estocadas
das casas.
E fazer tratamento desta agua, e fornecer na rede de agua.
Creio que fica mais barato, em longo prazo. Que tratar as
aguas poluídas das represas e buscar agua cada vez mais
longe.
Todos projetos de condomínio já estivesse incluído todo
este trabalho já seria bem econômico. Não sei porque eles
já não tem projetos assim.
E garanto que o trastorno de enchentes seria bem
minimizado, e também não veria tanto desperdiço
de agua, até o meio ambiente agradeceria tal gesto
da parte de nossos políticos.