terça-feira, 4 de novembro de 2008

ÁGUA POUCA, GENTE MUITA

Você quer entender os motivos da escassez de água?
Ontem, dia de Todos os Santos, informaram que o córrego Bandeirinha, que abastecia Formosa, secou. O Bandeirinha desapareceu depois que dezenas de irmãos dele também morreram atropelados pela insensatez dos habitantes do Distrito Federal e arredores. E outros mais vão sumir. E a gente poderia ter evitado esses desastres tratando a natureza com mais inteligência.
O motivo principal é que há muita gente e gente descuidada. Do Presidente da República ao contínuo do cafezinho, do Governador do DF ao morador da Samambaia, do prefeito de Formosa ao produtor de tomate, todos acham que a água não se acaba.
Gente se faz todas as noites. A água cai a cada seis meses. Nascem 200 bebês por dia, no DF. Cada bebê a mais significa um acréscimo de 200 litros de água na família. Vá somando e multiplicando a necessidade de litros de água por dia e você entenderá porque a água é escassa. No DF, somos 2 milhões e meio de consumidores diários de água. E cada dia chega mais gente. São 500 milhões de litros por dia que descem pelo ralo, sem contar o consumo agrícola, industrial e comercial. O DF não produz essa quantidade. Estamos importando água cara.
Não é de estranhar que os rios estejam secando. Cortaram as árvores à beira dos córregos, invadiram até o Jardim Botânico, construíram condomínios e cidades em cima de nascentes de água, arrasaram o Cerrado para plantar soja e algodão, furaram milhares de poços artesianos, asfaltaram ruas e praças para adorar nosso senhor o automóvel.
A água vai se acabando, acabando e a gente cortando árvores e secando nascentes.
- É gente descuidada muita e água pouca, disse o velho Ariosto, nascido e criado em Formosa.

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