terça-feira, 13 de novembro de 2007

O OBSERVADOR

AOS AMIGOS E ÀS AMIGAS, AMANTES DA LEITURA E DO VINHO,
Apresento meu blog. Poderemos conversar e trocar idéias em favor das riquezas naturais e da convivência humana.
Para começar, transcrevo a tradução, de minha autoria, da ORAÇÃO DA FREIRA, do século XVII, na qual pede a seu Deus que não deixe cair na tentação de falar demais e de saber tudo.

ORAÇÃO DA FREIRA – Século XVII


Helsinque. - Passei alguns dias de verão à beira de um magnífico lago da Finlândia, entre misteriosas florestas de pinheiros e bétulas. Encontrei afixado à parede de madeira da singular casa de verão de minha sogra, recentemente falecida à idade de cem anos, a oração de uma freira , em inglês do século XVII. A sóror anônima resumiu, em suas preces, as preocupações antecipadas de sua velhice, ao observar o comportamento de provectas mulheres piedosas, amargas e ranzinzas.
Se o leitor não tiver oração melhor, talvez esta lhe seja útil nos momentos de desencanto que a convivência humana nos traz.

“SENHOR, tu sabes melhor do que eu que estou envelhecendo e, algum dia, serei velha. Guarda-me da tendência desastrosa de pensar que deva sempre manifestar minha opinião sobre qualquer assunto e em todas as ocasiões. Faze-me prestativa, mas não de mau humor, útil mas não dominadora. Com meu vasto depósito de sabedoria é pena não usá-lo todo, mas tu sabes, Senhor, que afinal de contas quero ter alguns amigos.
Preserva minha mente livre de relatar intermináveis detalhes; dá-me forças para ser sucinta. Fecha meus lábios à lamentação de dores e penas. Elas aumentam gradualmente e, com o passar dos anos, o prazer de curti-las torna-se mais apetitoso. Não ouso pedir-te a delicadeza suficiente para fazer minhas as histórias de penas alheias. Ajuda-me, porém, a suportar essas lamúrias com paciência.
Não me atrevo a implorar-te que melhores minha memória e sim que aumentes minha humildade e me diminuas a crista de sabe-tudo quando minha memória conflita com a de outras. Ensina-me a gloriosa lição de aceitar que, ocasionalmente, possa estar errada.
Conserva-me razoavelmente afável. Não quero ser santa – com algumas delas a convivência é difícil – mas uma pessoa velha e amarga é obra-prima do demônio.
Dá-me a habilidade de apreciar o lado bom das coisas e reconhecer talentos impensáveis em pessoas simples. E dá-me, Senhor, a graça de dizê-lo a elas. Amém.”

Eugênio Giovenardi, autor do livro SOLITÁRIOS NO PARAÍSO.
eugeniogiovenardi@yahoo.com.br

2 comentários:

Farret disse...

Eugenio:
agora estás "no Mundo" que apesar de virtual é o único real, poiséle é acessado e antenado por muitos. Boa sorte no blog. Abs, Farret

O OBSERVADOR disse...

Farret,

Obrigado pela visita.
Use minha casa. É tb sua.

Eugênio