terça-feira, 13 de novembro de 2007

CORRUPÇÃO POLÍTICA

CORRUPÇÃO POLÍTICA

Será corrupção política ou política de corrupção? A prática não é só brasileira pelo que se sabe dos governos latino-americanos e europeus. Nem é nova, se lembramos a esperteza da compra da primogenitura por um prato de lentilhas. Hoje, no Brasil, a corrupção faz parte dos hábitos culturais de inumeráveis homens públicos.
A corrupção se manifesta pela mentira, pelo cinismo, pela deslealdade das pessoas a quem se confiou a responsabilidade de administrar os bens alheios, principalmente o patrimônio de uma nação construído pelos cidadãos ao longo de séculos. É mais revoltante quando a corrupção atinge o exercício da política, as atividades e funções do serviço público, desviando o dinheiro dos impostos em benefício próprio.
A corrupção na política degenera em política da corrupção. Estabelece-se um ideário acompanhado de esquema prático que instala e consolida a corruptibilidade. Tirar proveito do cargo, vender a função e a atividade pública em benefício próprio como prova de esperteza, pouco a pouco, dominam as mentes e encaixam-se nas formas de concretizar a malícia administrativa em roubos burocraticamente mascarados em pareceres, decisões, emendas, decretos, medidas provisórias.
O ideário e a prática se revelam nos noticiários com nomes de novelas televisivas - gafanhotos, sanguessugas, anaconda, mensalão, huracane (furacão) – esquemas de roubo do erário dos quais participam assessores diretos do Presidente da República, ministros de estado, deputados, senadores, desembargadores, promotores públicos, delegados de polícia, advogados. Uma trama diabólica capaz de desanimar o cidadão de bem. É a política da corrupção.
Corromper é preciso. Que seria dos políticos de nossa época sem a corrupção instalada em quase todas as instituições públicas? Com a corrupção, que se tornou profissional, o candidato a qualquer posto público pode burilar seu discurso ético e moralizador e conciliá-lo, depois de eleito, com a prática do aproveitamento e com o afã de tirar vantagem. A corrupção se tornou necessária para movimentar as instituições, dar legitimidade ao trabalho da polícia, encaminhar os processos da justiça, alimentar a opinião pública com noticiários vibrantes, demonstrando ironicamente a vitalidade da musculatura governamental.
A corrupção política e a política da corrupção têm a seu favor um eficaz coadjuvante que mantém vivo o ideário e o esquema do roubo público: a impunidade. Nada acontece aos corruptos. Todo o aparato da justiça está equipado para contornar, prorrogar julgamentos ou absolver os integrantes da política de corrupção e consolidar a corrupção da política. A punição dada a um juiz corrupto é aposentá-lo com vencimento integral. É o coroamento da vida de um homem que praticou a justiça em proveito próprio.
É desconcertante a severidade de juizes criteriosos e ilibados. Ao invés de penas alternativas, condenam a três ou quatro anos de prisão, pessoas que num gesto de desespero, levam das gôndolas de um supermercado milionário um produto no valor de dois reais.
O círculo da corrupção política, da qual os pobres são criteriosamente excluídos, é sustentado pela elástica política de corrupção.

Um comentário:

www.obrasiltemjeitosim.blogspot.com disse...

acho que a corrupção não parte somente dos politicos tambem como foi bem enfatizado no seu bom texto pois se entranhou de uma forma tão bem entranhada no povo brasileiro que onestidade hoje no brasil é sinonimo de besteira por ex. se alguem acha algo valioso sabe quem é o dono e devolve com certesa vai ouvir mais é tão besta em fim a corrupção hoje a meu ver parte do proprio povo