segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

CONTAR PARA VIVER

(foto: Eugênio Giovenardi - Ribeirão das Lajes,DF)

CONTAR PARA VIVER – RIBEIRÃO DAS LAJES 

Conheci, em 1974, o Ribeirão das Lajes, DF, afluente do rio Santo Antônio do Descoberto. Ainda desabitadas, ambas margens receberam, nas últimas quatro décadas, centenas de famílias dedicadas a diversas atividades agrícolas: bovinocultura, ranicultura, suinocultura, avicultura, reflorestação com pinus e eucaliptos, além de vários condomínios residenciais e casas de repouso.
A conformação geográfica da área forma belo vale de 20 km, ao Sul, alimentado por dezenas de nascentes perenes e centenas de fontes intermitentes que afloram no período chuvoso.
Durante mais de 40 anos, acompanho o fluxo do Ribeirão, no período de chuvas. A partir do ano 2000, o Ribeirão deu sinais de mudança no volume de água recebido das chuvas. As águas pluviais elevavam o nível do Ribeirão em até 8 metros. Ao longo de semanas, o nível se mantinha um metro acima do curso normal.
As chuvas ativavam as nascentes e, mesmo durante os veranicos de janeiro e fevereiro, o volume de água permanecia alto.
A ocupação humana das margens provocou o desmatamento e o uso inadequado do solo. O desnudamento da terra secou dezenas de nascentes. As águas se afundaram por falta de vegetação.
A partir de 2005, o Ribeirão revela, mesmo durante o período chuvoso, a escassez regional de águas. Longe dos oito metros de décadas anteriores, escassamente o nível do Ribeirão cresce dois metros e meio apesar de precipitações mensais de 300mm.
Lamentavelmente, com a ocupação inadequada da terra, o Ribeirão é um canal de múltiplos detritos, dejetos, sacos plásticos, garrafas, animais mortos e odor de esgoto. O bairro Engenho das Lajes (DF), 7.000 habitantes, recebe, via Caesb, águas do Ribeirão.
Em 2005, escrevi um libreto-manifesto bilíngue – O RETORNO DAS ÁGUAS – e previ a escassez e o racionamento de água que aflige, desde 2016, a população do Distrito Federal.
8.1.2018


 

Nenhum comentário: