quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

DEVASTAÇÃO NO DISTRITO FEDERAL

Aos jornalistas,
Thais Paranhos
Almiro Marcos

Estou acompanhando as reportagens e análises publicadas no CB.
Excelente iniciativa jornalística. A degradação ambiental no DF é de entristecer os que compreendem o bioma Cerrado, frágil, belo e castigado pela invasão descontrola e pela indústria da construção sem rumo.
Segundo o plano de ocupação regional do DF, descrito no projeto urbanístico de Brasília, da área total dos 582.200 hectares, 80% (450.000 ha) seriam reservados às atividades rurais, reflorestamento, preservação de nascentes e cursos de água, e 20% (132.000 ha) à urbanização (serviços, habitação, educação, comércio, lazer, rodovias).
Atualmente, segundo dados oficiais, a urbanização e áreas agregadas absorvem 60% (348.000 ha), restando para a rural, 40% (234.200 ha), com tendência galopante a se reduzir nos próximos anos. Parques, APAs e APPs não foram considerados pelo IBGE como área rural, fato que distorce a informação sobre área urbana e rural.
Essa inversão gradativa da destinação do uso do solo desencadeou um processo de desertificação do Cerrado, com eliminação de nascentes, desmatamento indiscriminado, perturbação dos aquíferos subterrâneos por meio de poços tubulares, impermeabilização de grandes áreas, causando assoreamento do Lago Paranoá, de rios e córregos na imensa área adjacente ao Distrito Federal.
As reportagens mostram essa tendência inversa pela mudança de destinação de áreas. Seria oportuno comentar sobre áreas de preservação permanente, mantidas por iniciativas individuais ou familiares, com a precípua finalidade ecológica de manter espaços de cerrado originais, rústicos, de vegetação nativa e cursos de água protegidos.
O CB publicou, em 8 de janeiro de 2013, boa matéria sobre captação, contenção e detenção de águas pluviais em meu Sítio das Neves que mantenho há 40 anos. Há, felizmente, outros cidadãos que adquiriram áreas de cerrado para preservação radical, usando mínima parte para horta e frutas, aves domésticas livres para atrair outras aves e animais selvagens em harmonia relativa.
Creio que valha a pena dar alguma ênfase a esse trabalho ecológico e ambiental para contrabalançar essa desertificação coordenada pela ignorância e ganância irracional.
Meus livros RETORNO DAS ÁGUAS, A SAGA DE UM SÍTIO, AS ÁRVORES FALAM e ECOLOGIA – catecismo da austeridade ou nova forma de prosperidade – vão nesse rumo.

Parabéns pela iniciativa.

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