sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

A PODA DE ÁRVORES

 

Uma pergunta fundamental. Por que plantar árvores?
Para produzir alimentos ou urbanizar, destruiu-se o habitat das árvores nativas. Em lugar delas, nas cidades, plantam-se espécies que vão ocupar duas ou mais vezes o espaço das que ali nasceram. As árvores nativas não tinham prédios ao seu redor. Nem calçadas. Nem ruas. Nem estacionamentos.
As árvores são dotadas de organização genética consolidada há milhares de anos. As nativas são inundadas de sol pelos quatro pontos, arejadas pela brisa da noite, regadas pelo orvalho da noite e, graças ao período chuvoso, alcançavam a estatura que o bioma lhes permitia.
Essas árvores monumentais que hoje embelezam os espaços libertos da mão dominadora do homem são escravas dela. Estão sempre ameaçadas por motosserras. É de sua espécie, de sua organização crescer para o alto e para os lados. As grandes árvores sabem de equilíbrio. Não raramente, equilibram-se umas nas outras. Por isso, põem galhos em todas as direções e em diferentes alturas do tronco.
Por que os administradores de parques e jardins, em Brasília, transformam uma canafístula em palmeira? Sabem eles que estão desequilibrando as árvores? Sabem eles que essas mutilações abrem caminho para fungos e doenças que sacrificam a árvore? Sabem eles que uma árvore pode conter cem por cento de seu peso em água? E que, durante a chuva, uma árvore pode deter metros cúbicos de água no colchão de suas galhadas?
Ontem, 27.2.2014, os operadores de motosserras deitaram ao chão centenas de quilos de galhos e troncos por motivos irracionais. Com a ajuda de cálculos de especialistas, os operadores tiraram das plantas, dessa rua, mais de 10 metros cúbicos de água (10 mil litros). Uma perda definitiva para a umidade do ar.
Os moradores da SQS 407, Asa Sul, perderam para sempre 10 mil litros de água que umedeciam o ambiente todos os dias. Todos os dias.
Os operadores de motosserras, infelizmente, cumprem a função de carrascos com a anuência da sociedade, sob a ordem de administradores obtusos e, lamentavelmente, a pedido de egoístas e temerosos proprietários de lojas.
Então, antes de plantar árvores onde outras já existiam, há que conhecê-las para saber onde plantá-las sem precisar, depois, mutilá-las.


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