Vale Silencioso da Islândia |
Meu quinto romance – SILÊNCIO – será lançado neste mês de julho, 2011.
A seguir, algumas notas introdutórias para os leitores interessados.
Na construção de Silêncio, combinam-se episódios verídicos e ficcionais. Ao redor deles, o silêncio fala de maneira intemporal. O cérebro, envolto pelo silêncio interior e exterior, fabrica associações intermináveis, superpostas e contrastantes de fatos, palavras, gestos, atos e pensamentos, expectativas e desejos produzidos no passado, memorizados no presente e lançados ao futuro. O silêncio é desordenado. As vozes do silêncio interior se atropelam e nem sempre respeitam a ordem e a sequência de sua origem. A liberdade do silêncio libera o inconsciente e exacerba o consciente. Toda essa história pessoal é personificada e projetada nos indivíduos e grupos que intermitentemente formam os laços da convivência social.
Há personagens que se ligam ao narrador – Pedro de Montemor – por laços tênues, imprecisos e independentes. Eles se comunicam por atos interpessoais que chegam de alguma forma e por alguma circunstância a seu conhecimento ou fazem parte de sua vida. O relacionamento nem sempre alcança a intimidade da amizade, ainda que aparente e persistente. O personagem que produz emoções mais profundas é Lídice. Aparece e desaparece. Está presente e ausente. Tem vida própria e instiga o mistério de ser um mundo em rota paralela a outro.
Neto e Helena são os mais próximos pela coincidência ideológica com Pedro de Montemor na busca das origens do universo. Eles buscam entender a linguagem matriz da natureza e a eternidade dos elementos físicos do pluriverso galáctico independentemente da vontade humana.
Fragoso e Rita encarnam todos os conhecidos que cercam o narrador sob o título genérico de amigos. Têm em comum a época, o local e as circunstâncias que os aproximam e os afastam num movimento de gangorra.
Brígida, Leônidas e Katrina simbolizam as distintas e surpreendentes relações que se tramam no correr dos anos. Mudam os tempos, mudam as pessoas, mudam os valores e os critérios. As pessoas ficam nas encruzilhadas, ou recuam, ou avançam. Encontram-se. Despedem-se. Somem. Reaparecem. Morrem. Aura é uma nuvem que a memória desfaz infinitamente sem extingui-la.
Todos os personagens do livro são desdobramentos de Pedro de Montemor. Há um só personagem com muitas faces. Leônidas representa a fantasia masculina. Katrina é a liberdade feminina. Brígida é a transgressão das normas, da ortodoxia, do estabelecido. Aura é um meteoro que passa pelo céu deixando apenas um rasto luminoso. Neto é o monge hindu que todos trazem por dentro e se alimenta da mística dos segredos escondidos no universo. Fragoso é o anúncio permanente da fragilidade da vida. Rita é a figura da esposa condenada ao lar esperando a volta diária do marido para, um dia, enterrá-lo.
Todas essas imagens e fatos vividos são revividos no silêncio de cada um. Pedro de Montemor recupera imagens, palavras, gestos, fatos e os combina e reinterpreta numa vida paralela, em silêncio e em segredo absoluto, não compartilhado. Revela tudo o que o silêncio lhe comunica e lembra. Uma espécie de re-vida, cujo árbitro é ele, metafisicamente só. Sua vida exposta, pública, pode ser distinta de sua re-vida no estrito âmbito da consciência solitária. Ele é juiz de si mesmo, sem advogados de acusação ou defesa.
Ao final da caminhada, despede-se dos caminhantes que a seu modo, ao longo destas trilhas, levaram consigo o próprio e intransferível silêncio. Os silêncios se despedem sem deixar pegadas.
ALGUNS LIVROS SOBRE O SILÊNCIO:
1. O SILÊNCIO DOS LIVROS – VALÉRIO VIDALI
2. EM SILÊNCIO – DONALD SPOTO
3. O SILÊNCIO DOS LIVROS – GEORGE STEINER
4. NO SILÊNCIO DE MEUS OLHOS – CLAUDIA DE CASTRO
5. O SILÊNCIO DOS AMANTES – LYA LUFT
6. A BOOK OF SILENCE – SARA MAITLAND
7. O SILÊNCIO DE DEUS – ANDREW PETERSON
8. O SILÊNCIO DE DEUS – MARY JO MCCONNELL
9. OS CAMINHOS DO SILÊNCIO – MICHEL HUBAUT
ALGUNS FILMES:
1. O SILÊNCIO – I. BERGMAN (TRILOGIA: ATRAVÉS DE UM ESPELHO, LUZ DE INVERNO, SILÊNCIO)
2. O SILÊNCIO DE MELINDA – JESSICA SHARZER
3. O SILÊNCIO – MOHSEN MAKHMALBAF
4. O SILÊNCIO DOS INOCENTES – JONATHAN DEMME
5. REFÉM DO SILÊNCIO – GARY FELDER
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