O brasileiro típico é dotado, ao mesmo tempo, de astúcia e ignorância autossuficiente. A astúcia lhe é necessária para apresentar no jogo as heranças de sua história genética. Tanto pode ser um Lampião, como um fatalista que gera filhos por que Deus quer ou deixa para amanhã o que poderia fazer hoje na certeza de um novo dia com aquele sol de sempre. A ignorância autossuficiente é um truque para usar o coringa a seu bel-prazer premido por interesses imediatos. É pau pra toda obra. Seu currículo só tem uma profissão: faço de um tudo. Zomba do doutor que lhe corrige uma tarefa na qual ele é mestre desde criancinha. Nunca diz que não sabe, a não ser que lhe perguntem onde mora seu amigo Zé Pitoco procurado pelo oficial de justiça. É afoito e quase sempre se dá bem especialmente no campo de futebol. É dado à música e a festas. Expande-se no carnaval e não duvida de se endividar para celebrar os 15 anos da primogênita.
Usa o coringa para receber favores. Vota no coringa porque ninguém sabe o futuro do jogo. O brasileiro típico é o forte, é o que sobrevive com salário mínimo ou bolsa família e se diz feliz porque o muito sem Deus é nada e o pouco com Deus é tudo.
É o que se vê no cassino iluminado deste imenso e belo país. Um jogo em que os coringas jogam e ganham aplaudidos pelo resto do baralho.
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