quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

CHUVAS E INUNDAÇÕES

Nosso país é geograficamente imenso, naturalmente rico e mentalmente atrasado. Os acontecimentos se diluem na magnitude das três dimensões. Há uma colisão entre a grandeza do país, suas riquezas e o sistema de sua exploração e distribuição pela população. O choque se dá entre a velocidade do aumento da população e a morosidade de seu desenvolvimento mental para compreender as leis de sua casa que é a Natureza.
O homem compete com a Natureza que é, por definição, cooperativa, mas com leis que se cumprem inexoravelmente e não toleram contravenções. O que se vê, ano após ano, no período das chuvas ou em longas estiagens, é uma atitude próxima à fatalidade. As inundações de casas, ruas e cidades acontecem pela fatalidade da Natureza em cumprimento de suas leis e as pessoas, estranhamente, se localizam nessas áreas pela pressão do crescimento da população em busca da sobrevivência e do conforto.
É impressionante ver os moradores deixando suas casas inundadas, caminhando por ruas alagadas, transportando o que puderam salvar, enterrando mortos e, mais tarde, voltar a seu endereço para esperar uma nova fatalidade.
É essa a atitude dos administradores da cidade e de seus habitantes que demonstra e comprova o atraso mental e político do país. Permite-se ao homem conviver com a destruição das florestas em nome da produção de alimentos e com a fatalidade de se amontoar em áreas necessárias aos movimentos dos fenômenos naturais conturbados pela agressão contumaz às leis físicas.
As fatalidades cotidianas se resolvem pensando no rosto do futuro, não apenas no imediato para salvar o armário e a geladeira. Contamos com bombeiros e não com planejadores urbanos e administradores das leis de convivência de uma cidade.
Se não se tomarem medidas radicais, reflorestando e protegendo imensas áreas montanhosas onde nascem os rios, retirando das margens dos córregos os invasores, formando bolsões de retenção de excedentes das chuvas torrenciais, a solução será distribuir milhares de barcos pelas ruas das cidades inundáveis e criar um grito de alarme eletrônico:
SAIAM DE CASA, A CHUVA COMEÇOU!

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