domingo, 23 de agosto de 2009

EDUCAR PARA PRODUZIR

A miséria, a pobreza e a fome que não permitem à pessoa dedicar-se a outra atividade que não seja procurar comida é uma situação que, aos sensíveis comove e indigna. Aos brutos, endurece.
Dar de comer a quem tem fome é o primeiro passo. Os passos seguintes têm que ser dados logo para que os famintos tenham oportunidade de produzir, ou comprar com seu trabalho, a comida. Essa iniciativa não se consegue sem um melhor conhecimento da própria capacidade adquirido por meio da educação.
Não é apenas incentivando o consumo por meio de um subsídio que se constroi uma sociedade, mesmo dando a alguns milhões um prato diário de comida. É preciso introduzir o conceito de produção engenhosa e o engenho se aperfeiçoa na escola eficiente. O consumo melhora, aumenta, se excita e as indústrias decrescem. O subsídio que se dá ao consumidor repercute nas grandes distribuidoras e bancos que dominam a economia e impõem seus estoques aos incautos. Cria-se a dívida numa ponta e o lucro na outra.
Um olhar crítico e analítico desses programas de incentivo ao consumo, tanto para combater a fome, quanto para comprar automóvel ou geladeira, esbarra num processo seletivo de necessidades.
O Bolsa Família alcança 13 milhões de famílias – 65 milhões de cidadãos. Quantos desses brasileiros passam fome? Ninguém sabe. O critério simplista é o salário reconhecido em carteira de trabalho, confrontado com o número de filhos. A astúcia do brasileiro prevaleceu. Encheu-se a Arca de Noé com toda sorte de espécimes: do faminto ao empresário, vereador, prefeito, professor e outros. Quem não acata esse sistema de publicidade política em nome dos que têm fome, é imbecil e ignorante. Quem o aceita também o é.
O que falta é capacidade local e regional para enfrentar a pobreza, a miséria e a fome. Eis o espaço mole sobre o qual o governo central autoritário se deleita, pinta e borda com o dinheiro público.
Construir, desenterrar, aprimorar capacidades locais participativas e solidárias para vencer os desafios da convivência igualitária de uma sociedade deve constituir o primeiro passo.
A sociedade brasileira se acostumou a aceitar que tudo se decida na esfera maior do poder e gasta o tempo na mesa do bar para contestar, sem êxito, a ditadura administrativa, econômica e política.

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