quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

BRASÍLIA FUTURISTA

Brasília nasceu moderna, simples, natural, monumental como as montanhas, o planalto, o horizonte. Nela, o homem pequeno, insignificante, e ao mesmo tempo grandioso, ao lado de sua obra. Um pigmeu passeando silencioso entre os monumentos que o incitavam a erguer-se na solidão do espaço e desfrutar da paz que os numes do Cerrado lhe ofereciam.
Brasília atraiu mais gente do que o desejável. Muita gente. Vinham à procura do sonho, da fantasia, da utopia da fraternidade socialista, da igualdade, da liberdade urbana.
A multidão, envolta no barulho, na azafama, na sofreguidão da ganância, perdeu o rumo do sonho, esqueceu-se da fantasia, abandonou a utopia e tomou a pista dos próprios desejos individuais, das ambições pessoais.
Hoje, a Brasília moderna caiu semimorta no vale pós-moderno, impreciso, indefinido. Brasília entrou na fase futurista de qualquer cidade-formigueiro, também chamada megalópole ou metrópole pisoteada pela marcha da multidão.
O futuro de Brasília é previsível. Examinem-se os projetos urbanísticos e se verá onde se concentram os interesses e as decisões do governo estimulado pelos perseguidores do lucro abundante. Novos bairros sobre uma natureza frágil, vias para o trânsito intenso, viadutos, trilhos no lugar de árvores, avenidas para o desfile de milhares de automóveis.
Estamos adaptando o sonho sonhado há cinquenta anos para o pesadelo futuro. A isto os especialistas estão denominando de modernização e adaptação de Brasília para atender as demandas sociais da multidão.
Quem ousa defender as árvores contra a loucura das motosserras, proteger as nascentes de água ou advogar o direito do brasiliense de andar a pé?

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