CARTAS DA PRISÃO
AMIGOS,
O vírus 19 continua sua trajetória ascendente. Mantém a população confusa sobre seu modo de infestar a vítima. É um vírus enigmático. Algo está errado no hospedeiro original ou no anfitrião? Age solto e com sintomas erráticos. Pode-se andar com ele sem perceber sua presença. Cada vítima com seu companheiro de caminhada ou de túmulo. Os mais eficientes e eficazes transmissores do V19 são os que se deslocam de um lugar para outro. Os que visitaram museus na Itália, França, Espanha. Ou se encantaram com a muralha da China. Ou foram fazer compras em Miami. Os que enviaram selfies aos amigos diante do Louvre ou da catedral da Sagrada Família em Barcelona. Voltaram à Praça da Sé, às praias de Copacabana, à Esplanada dos Ministérios. Globalizou-se o vírus a bordo de aviões, navios e trens. Nacionaliza-se o vírus e superlotam-se hospitais, normalmente abarrotados por dezenas de outras doenças que o crescimento econômico estimulou, mas não incluiu em seus investimentos prioritários. Parece que, até agora, nos bairros pobres, acostumadas ao desemprego, aos baixos salários, à alimentação precária, ao aperto das casas, as pessoas resistem melhor ao vírus que infecta a classe média descontenta, pedinchona, mas sensível à solidariedade em tempos de catástrofes.
AMIGOS,
O vírus 19 continua sua trajetória ascendente. Mantém a população confusa sobre seu modo de infestar a vítima. É um vírus enigmático. Algo está errado no hospedeiro original ou no anfitrião? Age solto e com sintomas erráticos. Pode-se andar com ele sem perceber sua presença. Cada vítima com seu companheiro de caminhada ou de túmulo. Os mais eficientes e eficazes transmissores do V19 são os que se deslocam de um lugar para outro. Os que visitaram museus na Itália, França, Espanha. Ou se encantaram com a muralha da China. Ou foram fazer compras em Miami. Os que enviaram selfies aos amigos diante do Louvre ou da catedral da Sagrada Família em Barcelona. Voltaram à Praça da Sé, às praias de Copacabana, à Esplanada dos Ministérios. Globalizou-se o vírus a bordo de aviões, navios e trens. Nacionaliza-se o vírus e superlotam-se hospitais, normalmente abarrotados por dezenas de outras doenças que o crescimento econômico estimulou, mas não incluiu em seus investimentos prioritários. Parece que, até agora, nos bairros pobres, acostumadas ao desemprego, aos baixos salários, à alimentação precária, ao aperto das casas, as pessoas resistem melhor ao vírus que infecta a classe média descontenta, pedinchona, mas sensível à solidariedade em tempos de catástrofes.
Selfie dentro do silêncio puro do Cerrado. Sítio das Neves, DF.
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