segunda-feira, 14 de julho de 2014

POR QUE OUSO DIZER



Cedo ao impulso de dizer sem presunção que dediquei mais de quarenta anos à preservação da vida vegetal e animal, do ambiente e das águas, no Sítio das Neves, área de cerrado no Planalto Central.
Quem e quantos, no Distrito Federal e no Brasil, realizam ações concretas que propiciem a regeneração de um bioma ou parte dele? Sou um deles.
Quem e quantos desenvolveram um sistema planejado de recuperação de áreas degradadas com proteção de espécies nativas originais? Sou um deles.
Quem e quantos se preocupam com a captação de águas da chuva para recarga dos aquíferos e fortalecimento de nascentes, numa bacia hídrica integral, com barragens em todos os canais de esgotamento? Sou um deles.
Quem e quantos podem exibir resultados ao longo de 40 anos? Sou um deles.
Infelizmente, não possuo informações sobre esses ecologistas que, como eu, compreenderam os equívocos do crescimento econômico destruidor da natureza.
Sei que há bons exemplos nos quintais urbanos de paisagismo e cuidados para integração de fauna e flora. Que há estímulos do governo para pequenos grupos de agricultores, estimulando-os a gastar menos água no processo produtivo, depois de esgotarem as nascentes e a terra.
Quem do PV ou ONGs ambientais tem projetos ou planos ou programas em desenvolvimento que possa demonstrar?
Ibama, Fundação Chico Mendes, Ibram, Semarh, Ministério do Meio Ambiente, além de atos políticos e legais, quais iniciativas poderiam indicar como exemplo possível de somar-se aos que se dedicam à proteção ambiental?
O Sítio das Neves, no Distrito Federal, é uma iniciativa cidadã, particular, sem ajuda do erário público nem da orientação governamental. É um investimento para o futuro ambiental do Planalto Central.
Meu trabalho garante 700.000 litros de água diária, à noite, sobre a vegetação do Sítio graças ao orvalho que sobre ela se acumula.
Liberei esta área de 70 hectares da especulação imobiliária e do primitivo e irracional processo de produção de alimentos.
Garanto água limpa e abundante, que brota de nascentes e alimenta córregos para os próximos séculos, se as queimadas, os poços tubulares ou artesianos não esgotarem os aquíferos da região.
Tenho a oferecer uma universidade vegetal a estudiosos, a amantes da natureza, a cidadãos que desejam preservar o que temos de essencial no país: árvores e água.
Passados quarenta anos de experiência e atos de preservação, posso, com segurança, aconselhar governos a criarem milhões de empregos verdes ao longo de rios, ao redor de mananciais e às margens de milhares de quilômetros de rodovias para proteger mais de 500 cidades anualmente vítimas de alagamentos ou de represas exauridas pela devastação de florestas.


12.7.2014

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