terça-feira, 22 de julho de 2014

A ESPÉCIE OPORTUNISTA



Há evidências flagrantes de que a sobrevivência e a destruição da espécie humana repousam sobre a frágil linha de sua capacidade inventiva.
A invenção do avião permite ao ser humano buscar em qualquer parte do planeta a solução de dificuldades. Leva ou traz alimentos para se manter vivo. Outra invenção de origem caçadora e assassina pode derrubar o avião, incendiar navios, demolir cidades inteiras, arrasar o ambiente que o acolhe.
A simples pedra lançada outrora pela funda e, hoje, o míssil de longo alcance dão ao ser sapiens a perigosa alternativa de viver ou morrer. De sobreviver ou de perecer. De ser feliz ou de desesperar-se.
Nunca, talvez, como nesta época, a função cerebral da inventiva seja tão ameaçadora. A inteligência do ser humano é seu principal desafio na travessia de mares e abismos no caminho da sobrevivência.
Como o homo sapiens não depende só de um alimento, como o tamanduá de formigas, para sobreviver procura distintas oportunidades e as transforma em alimento. Esse oportunismo lhe garante distintos ingredientes para seu almoço. Diversificou, ao longo da história, a quantidade e a qualidade da caça, ora aqui, ora ali, no inverno ou no verão.
Uma das fraquezas da espécie sapiens é não dar atenção aos limites. O oportunismo do caçador esbarra na possível e provável extinção da caça limitada. A caça pode durar um tempo indefinido, mas tudo acaba.
As invenções que podem assegurar a vida, melhorá-la e dar-lhe alegrias estão causando ao mesmo tempo, sofrimento e mortes.
O açougue da espécie humana abate diariamente milhares de vidas sem dó, sem nojo do sangue de corpos despedaçados. O instinto assassino da espécie humana frequentemente se sobrepõe a sua capacidade de dialogar. A palavra é a melhor forma de superar o fuzil.


22.7.2014

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