As árvores banhadas estão felizes, verdes de prazer.
Pássaros voam, pousam nas ramadas, cantam. As fêmeas
recebem os machos e agradecem batendo as asas.
Sapos e rãs coaxam dando bandeira a répteis famintos.
As nascentes jorram águas que as chuvas fartas fazem
brotar das profundezas.
As gramíneas, embebidas no líquido sazonal,
distribuem-no ao longo e largo das coxilhas e dos vales.
Os córregos, ontem mansos, borbulham, cascateiam,
precipitam-se no leito sensual dos ribeirões e misturam suas águas doces às
ondas salgadas do mar.
Corpúsculo quase invisível, frágil e submisso, herdeiro
genético da espécie humana, desfruto da manifestação invencível de bilhões de
seres vivos, da violeta ao jacarandá, da borboleta ao elefante, girando no
espaço a bordo de um planeta.
Sem eles, não teria eu prazer nem haveria sentido habitar
uma galáxia.
20.1.2013
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