terça-feira, 1 de janeiro de 2013

2013




A piromania do último dia do velho ano, ligando-se ao primeiro do novo, faz parte das ilusões inaugurais de uma construção hipotética de um edifício. Os fogos fátuos anunciam dias desejáveis em troca dos indesejados que acabamos de viver. A continuidade dos dias está regida pela lei da inércia cósmica e da inércia biológica e social.
Há que girar em volta de si mesmo e de todos os seres vivos com o engodo de irmos para frente. Nada mais fazemos senão circular em volta de nós mesmos e regressar ao ponto de partida. Indefinidamente, como é indefinida a vida. No giro contínuo, não se pode voltar atrás. Podemos, porém, desfrutar de forma diferente na próxima volta. Fazemos uma volta ao redor da vida em segundos, horas, dias e anos. Não há que lamentar as voltas dadas ao próprio redor nem fantasiar sobre as que daremos consciente ou inconscientemente.
Nessa rotação desenfreada, deixamos para trás palavras, gestos, lágrimas, sorrisos e os levamos para frente na iminência de perdê-los na próxima volta. A vida é um permanente carregar e descarregar de energias. Uns arrastam os outros pela força da gravidade biológica da sobrevivência e da reprodução. Tudo o que fazemos, do comer ao dormir, do trabalhar ao repousar, se resume nos truques primitivos ou nas tecnologias sofisticadas para sobreviver ao meio que nos acolhe e desafia.
A inteligência dos seres vivos, e a do organismo humano, especialmente, é um artifício extraordinário de comunicação que nos permite avançar e evoluir na descoberta de meios de adaptação às novas e surpreendentes mudanças no ambiente físico comum a todos: árvores, animais e minerais. A coordenação dos mecanismos que regem a interdependência dos seres vivos depende da reverência e do respeito dos organismos que tenham tendência a provocar mudanças catastróficas no afã da sobrevivência e da reprodução. Esse organismo é o homem. 2013 é apenas um dos ciclos da vida. Há bilhões de anos pela frente.

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