quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

AS LIMITAÇÕES DAS PLANTAS



(Foto: Vegetação preservada, Sítio das Neves, DF)


Por que está em perigo a continuidade da sobrevivência e da reprodução da espécie humana em nosso planeta?
“As plantas produzem, graças ao ar e à água, aos minerais e à luz solar, blocos de construção molecular extremamente complexos. Os animais, tais como os seres humanos, parasitam as plantas.” (Carl Sagan, A civilização cósmica, Artenova, p. 18).
A sobrevivência da espécie humana depende, direta ou indiretamente, da alimentação proveniente das plantas. Somos uma imensa população de parasitas, mancomunados com bilhões de outros animais vorazes, disseminados pelo planeta.
As limitações das plantas são de ordem estrutural. Estão fixas ao solo, num espaço e num bioma. Não podem mover-se para buscar novos alimentos e água. Toda sua organização é dedicada a administrar os alimentos que seus tentáculos radicais possam alcançar. Não podem fugir dos predadores, do fogo, do machado, da motosserra e de demoníacos tratores florestais.
Suas limitações são também de ordem funcional. Sua reprodução, além das condições do bioma próprio que as acolhe, depende do vento ou dos pássaros para espalhar suas sementes. Dependem da regularidade das chuvas para se consolidar e da imprevisível expansão da população herbívora para se reproduzir.
A inteligência das plantas, para crescerem e se reproduzirem, está nas folhas, nas flores, nos frutos e nas raízes. Transforma dióxido de carbono em oxigênio do qual depende a quase totalidade dos seres vivos.
A fragilidade das plantas, por sua estrutura orgânica, é vítima de parasitas menores. É atacada permanentemente, com maior ou menor intensidade, por predadores maiores, tais como o ser humano, que desenvolveram artifícios múltiplos de adaptação às mudanças climáticas. A inteligência da espécie humana é um maravilhoso artifício de adaptação aos mais variados climas do planeta e de comunicação de seus truques por herança genética e cultural.
O planeta tem experiência de bilhões de anos em mudanças climáticas. Ensinou a todos os seres vivos como se adaptar, sobreviver e reproduzir. As plantas, porém, por sua impossibilidade de mover-se e emigrar espontaneamente para outros climas e biomas são assoladas pelo fogo, pelos vendavais, pela seca. Se estas condições adversas não fossem suficientes para causar danos à flora, a ação inteligente do ser humano, alcançando um número exorbitante de indivíduos (superpopulação), desenvolvem artifícios tecnológicos capazes de alterar de forma catastrófica o ambiente que é comum a todos os seres vivos.
O ser humano é o único organismo vivo que desenvolveu formas de subsistência e produção domesticando grandes populações vegetais e animais. Essas populações domesticadas necessitam de amplos espaços para satisfazerem às necessidades da população humana. Esses grupos de população associados – grãos, animais e seres humanos – por sua dimensão e voracidade, exigência de imensos espaços, estão pondo em risco a vida das plantas.
A inteligência do organismo humano, em algum momento, compreenderá que sua espécie é apenas uma entre os bilhões de seres que habitam o planeta. E não é a mais numerosa e, do ponto de vista da origem da vida, nem a mais importante. O ser humano é um parasita esperto e rico em truques. Um mundo diferente é possível se o ser humano desenvolver uma inteligência orientada ao controle da ânsia de consumo e aos cuidados de proteção carinhosa das majestosas florestas, dos bosques silenciosos e das menores plantinhas que fazem do planeta uma obra em verde.
Não é, ainda, o que se observa nos 5.882 km2 do Distrito Federal. As áreas vegetais que deveriam ser uma cortina de proteção aos agrupamentos urbanos estão sendo ocupadas com técnicas primitivas e costumes tradicionais de desertificação. Tudo é arrasado. As nascentes, soterradas. A terra nua deixa escorrer as águas da chuva e impede a infiltração para recarga dos aquíferos.
O homo brasiliensis adapta o meio a seus interesses imediatos, ao invés de se adaptar às exigências do bioma cerrado com a alta tecnologia de que dispõe. O ser humano não é o senhor do universo. É um organismo vivo brotado da evolução biológica ao longo de bilhões de anos. Faz parte da sociedade dos seres vivos. As mudanças climáticas são um permanente desafio à capacidade do ser humano de produzir mutações, sistemas e comportamentos sociais inteligentes e transmissíveis às futuras gerações com a nobre finalidade de preservar todas as formas de vida.

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