(Foto: Vegetação preservada, Sítio das Neves, DF)
“As plantas
produzem, graças ao ar e à água, aos minerais e à luz solar, blocos de
construção molecular extremamente complexos. Os animais, tais como os seres
humanos, parasitam as plantas.” (Carl Sagan, A civilização cósmica, Artenova,
p. 18).
A sobrevivência
da espécie humana depende, direta ou indiretamente, da alimentação proveniente
das plantas. Somos uma imensa população de parasitas, mancomunados com bilhões
de outros animais vorazes, disseminados pelo planeta.
As limitações
das plantas são de ordem estrutural. Estão fixas ao solo, num espaço e num
bioma. Não podem mover-se para buscar novos alimentos e água. Toda sua
organização é dedicada a administrar os alimentos que seus tentáculos radicais
possam alcançar. Não podem fugir dos predadores, do fogo, do machado, da
motosserra e de demoníacos tratores florestais.
Suas limitações
são também de ordem funcional. Sua reprodução, além das condições do bioma
próprio que as acolhe, depende do vento ou dos pássaros para espalhar suas
sementes. Dependem da regularidade das chuvas para se consolidar e da
imprevisível expansão da população herbívora para se reproduzir.
A inteligência
das plantas, para crescerem e se reproduzirem, está nas folhas, nas flores, nos
frutos e nas raízes. Transforma dióxido de carbono em oxigênio do qual depende
a quase totalidade dos seres vivos.
A fragilidade
das plantas, por sua estrutura orgânica, é vítima de parasitas menores. É
atacada permanentemente, com maior ou menor intensidade, por predadores
maiores, tais como o ser humano, que desenvolveram artifícios múltiplos de
adaptação às mudanças climáticas. A inteligência da espécie humana é um
maravilhoso artifício de adaptação aos mais variados climas do planeta e de
comunicação de seus truques por herança genética e cultural.
O planeta tem
experiência de bilhões de anos em mudanças climáticas. Ensinou a todos os seres
vivos como se adaptar, sobreviver e reproduzir. As plantas, porém, por sua
impossibilidade de mover-se e emigrar espontaneamente para outros climas e
biomas são assoladas pelo fogo, pelos vendavais, pela seca. Se estas condições
adversas não fossem suficientes para causar danos à flora, a ação inteligente
do ser humano, alcançando um número exorbitante de indivíduos (superpopulação),
desenvolvem artifícios tecnológicos capazes de alterar de forma catastrófica o
ambiente que é comum a todos os seres vivos.
O ser humano é
o único organismo vivo que desenvolveu formas de subsistência e produção
domesticando grandes populações vegetais e animais. Essas populações domesticadas
necessitam de amplos espaços para satisfazerem às necessidades da população
humana. Esses grupos de população associados – grãos, animais e seres humanos –
por sua dimensão e voracidade, exigência de imensos espaços, estão pondo em
risco a vida das plantas.
A inteligência
do organismo humano, em algum momento, compreenderá que sua espécie é apenas
uma entre os bilhões de seres que habitam o planeta. E não é a mais numerosa e,
do ponto de vista da origem da vida, nem a mais importante. O ser humano é um
parasita esperto e rico em truques. Um mundo diferente é possível se o ser
humano desenvolver uma inteligência orientada ao controle da ânsia de consumo e
aos cuidados de proteção carinhosa das majestosas florestas, dos bosques
silenciosos e das menores plantinhas que fazem do planeta uma obra em verde.
Não é, ainda, o
que se observa nos 5.882 km2 do Distrito Federal. As áreas vegetais
que deveriam ser uma cortina de proteção aos agrupamentos urbanos estão sendo
ocupadas com técnicas primitivas e costumes tradicionais de desertificação.
Tudo é arrasado. As nascentes, soterradas. A terra nua deixa escorrer as águas
da chuva e impede a infiltração para recarga dos aquíferos.
O homo brasiliensis adapta o meio a seus
interesses imediatos, ao invés de se adaptar às exigências do bioma cerrado com
a alta tecnologia de que dispõe. O ser humano não é o senhor do universo. É um
organismo vivo brotado da evolução biológica ao longo de bilhões de anos. Faz
parte da sociedade dos seres vivos. As mudanças climáticas são um permanente
desafio à capacidade do ser humano de produzir mutações, sistemas e
comportamentos sociais inteligentes e transmissíveis às futuras gerações com a
nobre finalidade de preservar todas as formas de vida.
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