segunda-feira, 23 de abril de 2012

ÁGUA E FOGO



A natureza do Cerrado, no Planalto Central do Brasil, nos dá duas brevíssimas dicas seguidas por muito poucos moradores desta belíssima região.
A primeira, captar águas da chuva durante o período aqui chamado invernal. É muita água que desaba sobre o planalto, mas que não se tomam as medidas adequadas para captá-las. Trata-se de um volume descomunal que obriga a todos a se abrigarem em lugar seguro. São 1.250 litros de água sobre cada metro quadrado de chão. O volume desse precioso líquido despejado numa área de 1.000 m2 (um lote de 100x10), nos meses de chuva, é de um milhão e duzentos mil litros, ou 1.250 m3. Para onde vai essa água com toneladas de plásticos, latas, garrafas e inumeráveis espécies de lixo? Não é a toa que nossos córregos se enchem, principalmente quando se desmatam milhares de hectares às margens dos rios. Não é a toa que nossas cidades são inundadas a cada ano repetindo-se tragédias.
A segunda, deixar a natureza cumprir seus meses de repouso, guardando a água acumulada nas raízes, nas folhas e nos troncos, protegendo as sementes caídas no chão. O fogo é um dos maiores inimigos do cerrado. A lenda de que o fogo é espontâneo ou é necessário para renovar pastos é apenas um dos ingredientes da ignorância herdada de geração em geração. A queimada arrasa a biodiversidade destruindo milhares de espécies e matando milhões de insetos e pequenos animais que garantem a interdependência e a sobrevivência dos seres vivos e sua reprodução.
O desalento entristece os que protegem a natureza. Não se captou em proporções mínimas a água da chuva e, agora, teme-se o fogo arrasador de todos os anos.
 

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