quarta-feira, 28 de maio de 2014

ESTÁ NA HORA


O candidato a ocupar a presidência da República Federativa do Brasil (apontando apenas um aspecto das mudanças estruturais desejadas) que apresentar um plano de criação de 20 milhões de postos de trabalho verde até 2020, sem extinguir os programas emergenciais de minoração da miséria e da pobreza, dará um passo importante na mudança da economia de produção para o consumo para uma era de prosperidade humana nos limites dos bens finitos do planeta.
Entre os postos de trabalho verde para ampliar a oferta de riquezas naturais estão a recuperação de nascentes, ampliação de áreas de recarga de aquíferos, reflorestamento de margens de rodovias, agricultura básica de produção de alimentos, sistemas associativos de captação de águas pluviais na área urbana e no meio rural, criação e manutenção de corredores ecológicos de multiplicação da biodiversidade, proteção de parques nativos e urbanos.
As estatísticas oficiais informam ou deveriam informar que parte dos recursos financeiros veiculados pelos programas sociais também participou do desfile da compra de automóveis estimulada por créditos subsidiados e isenção temporária de impostos. O automóvel transformado em realização de sonho de consumo pôs os cidadãos em igualdade sobre quatro rodas. Outros itens à base de minérios como geladeiras, lavadeiras e outros eletrodomésticos se associaram aos impulsos do consumo como estratégia do crescimento econômico medido pelo PIB.
Quase nada se fez para contrabalançar e compensar a emissão de gases de efeito estufa com a queima intensificada e generalizada de combustível fóssil. Os incentivos ao consumo não tiveram uma contrapartida clara de proteção das riquezas naturais oferecida pelo discurso público. A transição da economia do crescimento baseada na produção ilimitada para o consumo ilimitado conduz à competição improdutiva pelo caminho do status social. Uma desastrosa indução ao consumo justificada pelo direito à igualdade de consumir sem limites. A dívida tomou o lugar da poupança.
A igualdade social só é possível se a comunidade se mantiver dentro dos limites finitos dos bens disponíveis no planeta circunscritos a cada região habitada. Pode-se, por exemplo, produzir menos carros para uso individual com a recapacitação para outras atividades ecológicas de trabalhadores a serem dispensados de suas empresas.
Os recursos de uma nova estrutura evolutiva da economia da escassez e do consumo compulsivo à prosperidade compartilhada devem vir das próprias empresas montadoras de autopeças em parceria com o Estado.

Uma gama de serviços sociais na área da saúde, da educação, de amparo aos idosos e crianças, de lazer criativo na arte e na música, visita a museus e bibliotecas, de desfrute das belezas naturais, de limpeza e ajardinamento urbano melhoraria o ambiente, humanizaria a convivência e daria novo rumo à lógica social.

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