sexta-feira, 31 de maio de 2013

ONDE COMEÇA O LIXO




(Foto: Lixo produzido na indústria com alta tecnologia)

O lixo orgânico, biodegradável, que pode ser absorvido pela natureza com ou sem processamento, transforma ou impulsiona novas vidas.
O lixo sólido é uma excrescência econômica resultante do fanatismo produtivo, industrial, poluidor, desatento à proteção do solo, da terra, do ar e da água. O lixo começa na produção de qualquer produto. As embalagens são uma das causas do lixo. Toma-se o refrigerante e sobra uma embalagem plástica ou de vidro. Reformam-se apartamentos e descarregam-se toneladas de material à beira das estradas ou lixões.
A ditadura econômica e financeira cria padrões de produção e consumo gerador de violência, competição, guerras entre pessoas, comunidades, cidades e países. A ditadura econômica é a mãe da ditadura administrativa e burocrática formuladora de políticas, programas e projetos de investimentos sem controle dos cidadãos.
Os adoradores do PIB são escravos de sua própria incapacidade de sustentá-lo. Ziguezagueiam seus discursos, sua retórica, suas justificativas diante do insucesso de um índice. Tudo o mais é esquecido: o descontrole do consumo, o esbanjamento da riqueza produzida, a corrida ao mais novo, à tecnologia inútil e ineficiente, a angústia do devedor, a frustração do cidadão. A multiplicidade de leis, normas, regras, controles e fiscalização abafam, sufocam, irritam as pessoas.
Sobra lixo à beira das vias. Os lixões crescem. O assalto ao lixo é também uma ação oficial do poder público. Há os milionários do lixo ao lado dos pobres do lixo. A desigualdade convive em alta e baixa tecnologia. É uma guerra entre a sociedade e o Estado. Entre a organização social e as decisões de governos. Com a mão esquerda, o governo afaga os pobres do lixo. Com a mão direita, abençoa os milionários do lixo com favorecimentos contratuais e em nome da sustentabilidade do crescimento. Ética e moral são trucidadas pela corrupção pequena e grande. Corrupção infiltrante, metástase que penetra todos os membros do organismo. 
Diminuir a produção de lixo, rever os processos de produção que renovem também as formas de consumo são pontos cruciais para uma nova economia ecológica de respeito à biocomunidade e à interdependência dos seres vivos.

O lixo é a dor de cabeça do mau funcionamento do organismo produtivo. O lixo é apenas um sintoma do desfuncionamento industrial. Não se pode contar apenas com o melhoral ou a aspirina da coleta e reciclagem de lixo para curar a enxaqueca econômica em nome da oferta de postos de trabalho e garantia de renda de catadores pobres e ricos. Há que se rever os padrões de produção para reorientar a cultura do consumo. 

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