No Centro-Oeste brasileiro, o outono se manifesta de
forma peculiar. Cessam as chuvas. Os ventos frios sopram do Sul e do Sudoeste rastejando
pela Cordilheira dos Andes. A umidade diminui. As águas se recolhem às
profundidades dos aquíferos.
Grande parte das espécies arbóreas desnuda-se. A
vegetação rasteira amarelece e seca. A dessedentação das gramíneas e das
plantas de raízes menos profundas se faz graças ao orvalho da noite que se
origina da longa jornada de sol a esquentar o terra.
Há um convite universal ao repouso, à parcimônia de energias
vitais ao cosumo de água e minerais. É o trabalho inteligente das raízes no subsolo
craniano da terra que dosa a circulação da seiva.
Todos os corpos dos seres vivos tendem ao repouso e ao
consumo recatado de energias à medida que escasseia o alimento e a água. Meu organismo
compartilha do genoma dos seres vivos da natureza. Minha memória biológica guarda
as informações genéticas primitivas que a evolução não as apaga. Meu complexo vital
pede repouso, menos agitação, mais sono, mais proximidade com as plantas e bosques,
com os pássaros e com a água.
As preocupações ininterruptas com a sobrevivência podem
abreviar a existência humana. Há que ouvir e seguir as estações do ano. O outono
é um aviso inicial. A explosão dos brotos, das flores e dos frutos que se mostra
na obra externa da natureza, na primavera e no verão, emudece no silêncio das raízes.
Caem as folhas das árvores no outono, os ventos sibilam
nos galhos desnudos, mas as raízes escondidas garantem a vida.
Outono é tempo de pensar. Pensar é a seiva do organismo
humano. O corpo repousa. O pensamento trabalha. A vida se enriquece.
Um comentário:
Muito bonito e inspirador...
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