segunda-feira, 8 de outubro de 2012

RAÇA, COR, SEXO E RELIGIÃO



As relações entre seres humanos são sutilmente afetadas por preconceitos de raça, cor, sexo e religião. Eles surgem do DNA familiar e crescem conosco desde o berço. Prolongam-se, convivem sorrateiramente em qualquer grupo e se manifestam com intensidade diversa, mas permanente e enraizada nos pensamentos, nas palavras e nos gestos. Algumas manifestações históricas retratam a trajetória de inúmeros preconceitos.
Numa das épocas áureas da história, ressaltou-se a Grécia. O império cultural, político, militar se impunha com a força da língua grega. A Grécia e o resto do mundo conhecido. Os helenos e os bárbaros. Não entendendo a língua dos dominados, os gregos desprezavam esse idioma ridicularizando populações inteiras e suas palavras indecifráveis. O que pretendiam dizer esses povos com o que os gregos, rindo, imitavam: bar bar bar? Os dominados só sabiam dizer, gritar e chorar em bar bar bar. Esses eram os bárbaros. O racismo nascente. Temos, hoje, uma versão para desprezar a opinião alheia: o blá, blá, blá.
Os romanos, estendendo seu império do Ocidente ao Oriente, excluíram igualmente da cidadania os bárbaros dominados.
Logo, a sociedade da nova era se dividiu em cristãos e pagãos. Os que se destinavam ao céu e os que se reuniriam no inferno. Formou-se em poucos séculos o sangue azul de um filão da nobreza. O sangue vermelho do povo substituiu os bárbaros.
Evoluímos para a esquerda e a direita. Formamos o progressista e o reacionário. Defendemos o capitalismo ou o socialismo. Uma guerra se fez em nome da raça ariana contra a judaica. Cunhou-se o patriota nacionalista e o antipatriota internacionalista. Com a bandeira pátria hasteada, propôs-se adesão voluntária ao expurgo emocional: ame-o ou deixe-o.
Criou-se um vezo antagônico entre o Norte e o Sul do globo para ressaltar a divisão de ricos e pobres, de exploradores e explorados, de imperialistas e dominados. Não bastasse a insolência de invasões de terras continentais ocupadas por culturas milenares, praticamos o barbarismo civilizado contra índios sem alma e sem cidadania. Opressão de brancos contra escravos negros aos quais se galardoam cotas de cidadania sem esconder o preconceito racial, apelidado de dívida histórica.
Alternamos a importância do masculino e do feminino, do sêmen e do ovário, e discutimos machismo e feminismo, homo e heterossexualismo. Há revoltas surdas, greves, protestos entre chefes e subordinados, entre o capital e o trabalho, entre o lucro e o salário.
E, na vida política brasileira, alcançou-se o fundo do poço como um balde vazio empurrado pelo lulismo e o efeagacismo.
O preconceito, composto de deuses e demônios assola o vasto mundo das relações entre os homo sapiens sapiens, dotados de inteligência e capazes de imensas descobertas. Poucas, pouquíssimas pessoas não são afetadas por um ou mais desses preconceitos.
A esperança tênue é de que, nos próximos cem anos, a espécie humana ultrapasse a fase ainda persistente da divisão entre helenos e bárbaros.

8.10.2012

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