quarta-feira, 6 de junho de 2012

LIXO A CÉU ABERTO


 
No fim de semana passado, em frente ao meu sítio, Área de Preservação Permanente, à beira da Rodovia BR-060, recolhi trezentos quilos de lixo contendo garrafas plásticas e de vidro de vários tamanhos, latas de refrigerantes e cervejas, uma centena de lâmpadas queimadas, um kit completo de piquenique (pratos, colheres, garfos, facas, guardanapos, papel alumínio, fraldas, restos de bolo e churrasco), embalagens de óleo de motor, compressores de caminhão, pneus, onze cascos de bactericida mata-barata, moscas e mosquitos, entulho de reformas, pinceis, galões de tinta, material elétrico, sacos de cimento.
Tudo isso acabaria nas nascentes, nos córregos e rios. A quantidade e a qualidade do lixo revelam cidadãos bem informados, de boas posses, pilotando carros de luxo. A ineficácia dos órgãos ambientais de educação e fiscalização e o descaso dos cidadãos favorecem a multiplicação de depósitos de lixo sem atentar para a contaminação das águas e dos bosques.
Os biomas se sustentam sobre dois pilares essenciais: água e vegetação. Sobre eles floresce a vida animal em sua variedade quase infinita, da minhoca ao homo sapiens. A mão do homo sapiens pode preservar esses dois pilares e os pode destruir. O Brasil hospedará, nos próximos dias, 150 presidentes de outros países e milhares de estudiosos com o fim de propor medidas para a perenidade da vida no planeta. Penso que todas as forças mentais devem dirigir-se a esses dois pilares. Sem eles não há sustentabilidade e continuaremos a falar dela sem saber o que realmente seja.
Um dos ataques frontais aos biomas, além do fogo e das práticas agrícolas inadequadas, é o lixo que grande parte da população joga em qualquer lugar empesteando a água e a vegetação e contaminando os seres vivos. A população do Distrito Federal produz ao redor de três milhões de quilos de dejetos por dia e apenas uma parte é tratada e reaproveitada. O maior volume ainda fica nos lixões, amontoado às margens de rodovias ou jogado diretamente aos córregos, ribeirões, rios e lagos. O lixo é, em grande extensão, fruto do consumismo exacerbado e compulsivo.
A preservação da riqueza do bioma Cerrado depende do comportamento de cada cidadão, do conhecimento das leis da natureza, da educação e do carinho para com a água e a vegetação. Compete à Semarh, ao Ibram, ao Conselho de Recursos Hídricos, à Caesb e ao Dnit a determinação de se construírem pequenos pavilhões cobertos, em pontos bem sinalizados ao longo das rodovias do DF, para habituar o cidadão a depositar adequadamente o lixo. Os canais de rádio, TV e jornais diários deveriam, por iniciativa própria, repetir e reiterar aos ouvintes e leitores o hábito de depositar o lixo em seu devido lugar. Há, em algumas cidades e áreas agrícolas, esforços e iniciativas relevantes de preservação ambiental que servem de exemplo aos cidadãos.


Um comentário:

Francisco Carlos Somavilla disse...

O descaso com que grande parcela da sociedade tem com o destino do LIXO que produz resulta em descartes clandestinos que prejudicam sobremaneira o meio embiente. Pior ainda, não percebem que estão prejudicando a sí próprios.