No fim de semana passado, em frente ao meu sítio, Área
de Preservação Permanente, à beira da Rodovia BR-060, recolhi trezentos quilos
de lixo contendo garrafas plásticas e de vidro de vários tamanhos, latas de
refrigerantes e cervejas, uma centena de lâmpadas queimadas, um kit completo de
piquenique (pratos, colheres, garfos, facas, guardanapos, papel alumínio,
fraldas, restos de bolo e churrasco), embalagens de óleo de motor, compressores
de caminhão, pneus, onze cascos de bactericida mata-barata, moscas e mosquitos,
entulho de reformas, pinceis, galões de tinta, material elétrico, sacos de
cimento.
Tudo isso acabaria nas
nascentes, nos córregos e rios. A quantidade e a qualidade do lixo revelam
cidadãos bem informados, de boas posses, pilotando carros de luxo. A ineficácia
dos órgãos ambientais de educação e fiscalização e o descaso dos cidadãos
favorecem a multiplicação de depósitos de lixo sem atentar para a contaminação
das águas e dos bosques.
Os biomas se sustentam sobre dois pilares essenciais:
água e vegetação. Sobre eles floresce a vida animal em sua variedade quase
infinita, da minhoca ao homo sapiens.
A mão do homo sapiens pode preservar
esses dois pilares e os pode destruir. O Brasil hospedará, nos próximos dias,
150 presidentes de outros países e milhares de estudiosos com o fim de propor
medidas para a perenidade da vida no planeta. Penso que todas as forças mentais
devem dirigir-se a esses dois pilares. Sem eles não há sustentabilidade e
continuaremos a falar dela sem saber o que realmente seja.
Um dos ataques frontais aos biomas, além do fogo e das
práticas agrícolas inadequadas, é o lixo que grande parte da população joga em
qualquer lugar empesteando a água e a vegetação e contaminando os seres vivos.
A população do Distrito Federal produz ao redor de três milhões de quilos de
dejetos por dia e apenas uma parte é tratada e reaproveitada. O maior volume
ainda fica nos lixões, amontoado às margens de rodovias ou jogado diretamente
aos córregos, ribeirões, rios e lagos. O lixo é, em grande extensão, fruto do
consumismo exacerbado e compulsivo.
A preservação da riqueza do bioma Cerrado depende do
comportamento de cada cidadão, do conhecimento das leis da natureza, da
educação e do carinho para com a água e a vegetação. Compete à Semarh, ao
Ibram, ao Conselho de Recursos Hídricos, à Caesb e ao Dnit a determinação de se
construírem pequenos pavilhões cobertos, em pontos bem sinalizados ao longo das
rodovias do DF, para habituar o cidadão a depositar adequadamente o lixo. Os
canais de rádio, TV e jornais diários deveriam, por iniciativa própria, repetir
e reiterar aos ouvintes e leitores o hábito de depositar o lixo em seu devido
lugar. Há, em algumas cidades e áreas agrícolas, esforços e iniciativas
relevantes de preservação ambiental que servem de exemplo aos cidadãos.
Um comentário:
O descaso com que grande parcela da sociedade tem com o destino do LIXO que produz resulta em descartes clandestinos que prejudicam sobremaneira o meio embiente. Pior ainda, não percebem que estão prejudicando a sí próprios.
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