Por decreto, o governo dispõe que o Sol se levante uma hora
mais cedo e se ponha uma hora mais tarde. Conta, com esse truque, poupar R$ 75
milhões no período de quatro meses. Em um só assalto ao erário público, um
ilustre senador por Brasília, proprietário de conhecida empresa de construção, em
conluio com magistrados de São Paulo, arrebatou das economias orçamentárias o
dobro dessa quantia: R$ 150 milhões. Ultimamente, a contabilidade da corrupção
perdeu a soma de quanto alguns ministérios desviaram para contas pessoais de
altos funcionários da república.
A economia de eletricidade é de responsabilidade dos cidadãos
também ditos consumidores ou contribuintes. O governo, essa entidade
sobrenatural, fictícia e ideológica não poupa energia. Todos os ministérios e
edifícios públicos estão iluminados, à noite, por conta da faxina e, de dia,
para iluminar as salas cujas cortinas se fecham para impedir a entrada do Sol. Além,
é claro, dos aparelhos de climatização, que funcionam 10 horas diárias, mesmo
durante a pausa para almoço quando as salas ficam vazias.
Com que artifícios o governo contabiliza essa economia de
eletricidade sempre foi e será um mistério doloroso para as crianças das
creches que, por decreto, são despertadas, no horário real de seu organismo,
uma hora mais cedo. Para onde vai essa economia de R$ 75 milhões é outra incógnita,
pois não vejo diferença de valores mensais na conta de luz que a Companhia
Energética de Brasília me entrega no fim do mês. Como tenho hábito, consagrado
em várias décadas, de levantar-me cedo, noto que preciso acender a luz da
cozinha o que não ocorria no horário real de verão.
Na maior parte do Brasil continental, somos aquinhoados com
um horário permanente de verão com quase 12 horas de luz solar, sem precisar
dessa ficção que pode agradar aos habitantes dos países nórdicos.
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