quarta-feira, 11 de março de 2009

A GRANDE VERDADE

Alguém explicava, na TV, como prosseguiam as investigações sobre o caso Satiagraha. As escutas telefônicas ilegais descobriram graves atentados à ética perpetrados por homens probos do senado, judiciário e executivo. Os delitos descobertos não se sustentam porque a escuta foi ilegal. O delegado Protógenes foi acusado de comandar um estado policial, invadindo a privacidade de pessoas públicas.
Disse o entrevistado:
− A grande verdade é a seguinte: houve invasão da privacidade, por isso os fatos levantados não servirão de base ao processo.
Qual seria, então, a pequena verdade? Os crimes cometidos, acobertados pelo silêncio e pela certeza da impunidade.
Na farsa política, vive-se rodeado de grandes e pequenas verdades. A grande verdade, no caso a escuta telefônica, ameaça a privacidade do criminoso e, portanto, será punida.
A pequena verdade, no caso o crime contra o erário, não será passível de julgamento e punição. Os políticos administradores da coisa pública são hábeis manipuladores de pequenas verdades. Escondem-se atrás delas e acusam as grandes verdades de importunar seus tradicionais costumes.
As grandes verdades subsistem ilegalmente, graças às pequenas verdades, cobertas por leis e comportamentos que rastejam nos corredores, gabinetes e salas do senado, do judiciário, do executivo e na trama de compromissos e negociatas do poder absoluto.

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