Repensando Brasília
Crônica publicada na coluna de Manoel Hygino
Hoje em Dia - Belo Horizonte, 19/2/2022
Manoel Hygino
Se perguntarem
sobre Eugênio Giovenardi, em Brasília principalmente, não se deixará de
encontrar resposta nos meios intelectuais: ocupa a cadeira 19 da Academia de
Letras do Brasil, de que é patrono Dyonélio Machado. Mais do que isso, é um
ardoroso defensor do meio ambiente, da capital como sonhada por seus fundadores
e construtores, e autor de vários livros sobre o tema.
E mais: hóspede da
Biocomunidade Sítio das Neves, em regeneração, que não tem fins lucrativos ou
comerciais, situada no km 26 da BR-060, ainda Distrito Federal, à margem
esquerda.
Membro da
Associação Nacional dos Escritores escreveu um livro sobre “Ecossociologia” e
outro sobre “Ecologia”, nova forma de propriedade.
Por aí se terá uma
ideia de quem seja, mas ele acrescenta muito com seu novo livro “À procura da
Brasília perdida, cidades e ecossistemas”, recém-lançado pela Kelps. Em artigo
de dois anos atrás, ele confessa inicialmente: “Comecei a amar Brasília antes
de vê-la andar. Explica-se. Amei-a, quando a conheci, estendida sobre o tapete
verde do Planalto Central cortado por riscos de terra vermelha, nas solidões
das noites longas do sertão goiano, repousava Brasília à espera de seu futuro.
Amei-a na superfície do Cerrado, sem conhecer o que se escondia debaixo
dele".
A despeito desse
amor pela nova capital que se implantou no planalto via Juscelino e seus
denodados seguidores, nem tudo funcionou como deveria, na visão de Giovenardi,
a desigualdade geográfica e ambiental, desigualdade na interdependência dos
seres vivos, com atitudes e comportamentos irracionais da espécie humana,
resultando na extinção de muitas delas atropeladas nas rodovias.
E há muito mais,
que preocupa e deve merecer a atenção e as medidas competentes respectivas do
poder público. Uma é a subtração de funções naturais dos 350 mil hectares
desmatados do Distrito Federal, empobrecendo o ambiente em mais de 10 milhões
de toneladas de oxigênio limpo diário. Nesta hora em que tudo se preocupa com a
purificação do ambiente, não é lícito descurar.
Mas ainda não só:
existe perda na diminuição dos volumes de infiltração de água no solo, em
virtude do desmatamento e da urbanização intensa, que desrespeita a capacidade
de suporte dos espaços físicos. Consequência: com menos vegetação, os períodos
causam erosão do solo e assoreiam-se os rios.
Conclusão: temos de
repensar Brasília, com urgência.
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