TEXTOS
DA PROF. LÚCIA HELENA
1.
Neste livro, o leitor perceberá que
nisto consiste a “ópera existencial” de Brasília: perdida no descompasso entre
urbanização e regeneração não só das vidas não humanas como das humanas.
Inserida na “sociedade de riscos”, que transforma em mercadoria tudo que toca,
não deixa de ser uma versão moderna de Midas. De certo, sem vontade política há
muito pouco lugar para a Capital da Esperança circunscrita apenas em sua área
tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade. Reduzida à sua cidade-parque ao
Plano Piloto. Desfalcada de um modelo de administração capaz de aprimorar e
consolidar relações de convivência: habitantes/cidade/natureza. Por isso, de
maneira lúcida, objetiva, reflexiva, o autor insiste na importância da água,
das árvores e de uma nova cultura não apenas no uso, mas na interação de todos
os sujeitos do ecossistema.
2.
Neste
livro, de cunho ensaístico (com passagem pela crônica, o que se permite dizer
que se trata de uma crônica ensaística), o autor discorre a “ópera existencial”
de Brasília com a interconectividade entre os seres vivos no meio ambiente do
Cerrado. Apesar da integridade e especificidade temática dos capítulos, eles se
interpenetram, sendo todos dialógicos em torno das “Cidades e Ecossistemas” da
capital federal. Formam uma rede comunicativa que dispensa algum suporte
teórico para que lhes decifrem. As ideias-chaves sempre são retomadas, dando
ênfase à problemática revitalização (que deve ser simultânea) do ecossistema Cerrado
e de Brasília (que daquele depende para melhor se estruturar).
3.
O
ecossociólogo Eugênio Giovenardi discorre, neste novo livro, em tom crítico e,
às vezes, irônico, sobre as decisões político-administrativas da cidade de
Brasília que em nada contribuem para a convivência harmonizada entre ecossistemas
e os serviços à população. O leitor verá que a repetição de referências e de
temas em locais e ênfases diferentes, em circunstâncias específicas ao longo do
livro, põem em relevo que “a grandeza da inteligência da espécie humana, na
ocupação do espaço, está em preservar, interagir, unindo a natureza à urbe”.
4.
À
procura da Brasília Perdida — fundamentada na ostensiva realidade dos fatos —
evidencia que a cidade sonhada por Dom Bosco e concretizada por Juscelino
Kubitschek está, há tempos, sob riscos ecológicos do desmatamento e da crise
hídrica. Faltou, portanto, na concepção do projeto urbano de Brasília,
propostas que garantissem, em simultâneo, a convivência humana com a
biocomunidade e com a biodiversidade do bioma Cerrado, e, no ambiente
compartilhado, a regeneração deste ecossistema.
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