CARTAS DA
PRISÃO
GENOCÍDIO
Amigos,
Ouvi, de
minha cela, o grito de um ministro da Suprema Corte: GENOCÍDIO! O grito
apavorou o governo! Infanticídio, homicídio, feminicídio, suicídio não tiveram
o mesmo efeito. O GENOCÍDIO, em nossas Américas, começou há 500 anos com armas,
aço e germes. Maias, Aztecas, Incas, Chibchas. Pizarro e Cortez. Guaranis,
Tamoios, Tupis. Borba ou Caramuru. Quem não leu a “Brevíssima relação da destruição
das Índias Ocidentais” de Fray Bartolomé de las Casas (1552)? Ou Darcy Ribeiro “O
povo brasileiro” (1995)? Trata-se do maior genocídio da história humana e dura
mais de 500 anos. Esses povos, sem precisar de nós, habitam suas terras – hoje Brasil
– há 15 mil anos. Dos 3 milhões de pessoas , em 1500, que é feito deles? Suas
casas, seu ambiente, seu ecossistema foram invadidos, queimados e seus
habitantes assassinados. Isto é GENOCÍDIO! Destruímos 20 mil anos de história,
de cultura, de arte (Museu do Ouro em Lima e Bogotá), de idiomas, de convívio
com a natureza. O desmatamento da Amazônia, da Mata Atlântica, do Cerrado por
qualquer argumento – garimpo, soja, boiada – que expulsa, contagia e mata indefesos é
GENOCÍDIO!
A FUNAI tornou-se um cosmético institucional.
Quem não ouve o grito GENOCÍDIO
está do lado dele!
16.7.2020
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