ESPECIALISTAS EM ÁGUA
Não sou
especialista no tema água. Apenas acompanho há mais 40 anos, no DF, o movimento
das águas que vêm de cima, das que correm na superfície e das que brotam de
baixo. As informações que me auxiliam a compreender as águas são as mesmas que
dão diplomas a biólogos, hidrólogos, engenheiros e outros especialistas.
As informações dadas
à população por funcionários de órgãos públicos e da imprensa sobre água são incompletas por
diferentes motivos: não se sabe o volume real de água dos reservatórios, os
instrumentos de medição não são adequados, não há interesse em informar a real
situação hídrica.
Os reservatórios
estão cheios, dizem representantes de órgãos oficiais. A linguagem é
matemática: 100%. Esses cem por cento são suficientes para, a longo prazo, abastecer
a população?
A represa do Descoberto
foi concebida para reter 103 km3 de água. Um km3 é igual a 1 bilhão de metros3
ou a um trilhão de litros. Então, algum profissional, sem medo de perder o
diploma, pode dizer que 100% da Represa do Descoberto contêm hoje 103 trilhões
de litros de água? A barragem pode estar cheia e não conter 103 trilhões de
litros. Quem mediu o assoreamento da barragem?
Estamos
contando com 100% do nível da barragem para abastecer a população do DF ou com
103 trilhões de litros de água? Quando a barragem chegou a 5%, deveria dispor
de 5.150.000.000.000 de litros, volume que não decretaria o racionamento. Isto
significa que os cinco por cento eram apenas um número matemático, sem base na
realidade hídrica.
Com minha
experiência, sem ser especialista em água, pela observação cotidiana das nascentes
da Biocomunidade Sítio das Neves, durante 44 anos, posso informar qual é a
vazão delas nos diferentes períodos do ano.
Os funcionários
de órgãos públicos deveriam informar aos usuários sobre o volume real contido
nas barragens que abastecem a população do DF e alertá-la constantemente sobre
a irregularidade das chuvas, a redução do consumo em todas as áreas, em razão
do aumento anual da população e da consequente diversidade do uso econômico e
social da água. O consumo de água aumentará sem que se possa determinar qual
será o volume de chuvas.
Não estaremos
livres de racionamento, mesmo com a entrada das águas retiradas do lago Corumbá
IV. O truque dos poços artesianos é praticado livremente para livrar-se da
possibilidade de restrição no uso da água. Não há controle sobre a fácil
perfuração de poços.
Muitas
nascentes de água estão secando por excesso de sucção de águas subterrâneas que
constituem a poupança hídrica limitada.
2019
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