CIPÓS
O cipó é um liame singular. Encantei-me
com seu bom humor e seus trejeitos de se enroscar no corpo das árvores
vizinhas. Passo bons momentos a olhá-los, examiná-los e emocionar-me com suas
acrobacias. São fascinantes. Têm uma variada capacidade trópica para subir e
descer, se enrolar, abrir braços e gavinhas. Atravessam córregos e ribeirões
sem se afogar. Formam desenhos admiráveis. Quando os cipós atingem alturas de
20 a 30 metros, geram ramificações e descem ao solo para alimentar-se, aguar-se
e reproduzir-se. Têm vida própria.
Os cipós andam em círculos buscando
espaços no alto. Preferem as linhas curvas às retas. São seres livres na busca
do infinito. Não escolhem ombro amigo. A planta que estiver por perto é
abraçada e para sempre. Os cipós são amantes apaixonados. Sem a vizinhança eles
não prosperam. A mata precisa deles. Eles precisam dela. São gregários. Têm o sentido do abraço, da
conjugação, da junção sem perder a identidade. Pelas cordas do cipó sobem as
térmitas para construírem no alto suas casas.
Vejo abraços apertados de felicidade
amorosa. Aventuram-se. Não temem a grossa árvore nem desprezam o jovem e ainda
imberbe arbusto. Sua presença artística produz pinturas e esculturas que o Sol
ilumina e o céu as emoldura no espaço.
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