segunda-feira, 20 de maio de 2019

cA VIDA SOCIAL DOS CIPÓS




CIPÓS


O cipó é um liame singular. Encantei-me com seu bom humor e seus trejeitos de se enroscar no corpo das árvores vizinhas. Passo bons momentos a olhá-los, examiná-los e emocionar-me com suas acrobacias. São fascinantes. Têm uma variada capacidade trópica para subir e descer, se enrolar, abrir braços e gavinhas. Atravessam córregos e ribeirões sem se afogar. Formam desenhos admiráveis. Quando os cipós atingem alturas de 20 a 30 metros, geram ramificações e descem ao solo para alimentar-se, aguar-se e reproduzir-se. Têm vida própria.
Os cipós andam em círculos buscando espaços no alto. Preferem as linhas curvas às retas. São seres livres na busca do infinito. Não escolhem ombro amigo. A planta que estiver por perto é abraçada e para sempre. Os cipós são amantes apaixonados. Sem a vizinhança eles não prosperam. A mata precisa deles. Eles precisam dela. São  gregários. Têm o sentido do abraço, da conjugação, da junção sem perder a identidade. Pelas cordas do cipó sobem as térmitas para construírem no alto suas casas.
Vejo abraços apertados de felicidade amorosa. Aventuram-se. Não temem a grossa árvore nem desprezam o jovem e ainda imberbe arbusto. Sua presença artística produz pinturas e esculturas que o Sol ilumina e o céu as emoldura no espaço.

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