sábado, 5 de abril de 2014

ALERTAS CLIMÁTICOS


 
Nestes dias, o relatório das mudanças climáticas deveria produzir o impacto de um terremoto. Estamos vivendo a mudança climática em várias regiões do nosso país. Chuvas diluvianas no Norte. Escassez de água no Sudeste com ênfase na grande São Paulo.
Os especialistas se detêm no atraso das chuvas e no alto consumo de água que esgotou a represa Cantareira, tida como reserva controladora do abastecimento, diante de instabilidades pluviais.
Regular, racionalizar e até racionar o consumo são medidas em perspectiva que assustam os administradores e políticos sob a mira de reações populares em época de eleições.
Chegamos atrasados em todas as medidas e análises referentes à água. Os pontos irreversíveis que provocaram a escassez de água são clamorosos e de difícil solução.
A ocupação desordenada e descontrolada das áreas adjacentes aos mananciais provocou a derrubada da vegetação natural. A diversidade e a densidade vegetal nas encostas e vales captavam e detinham as águas da chuva, alimentavam e protegiam os mananciais existentes na serra.
A urbanização mudou o ambiente. Influiu nos índices de umidade e na direção dos ventos. Impermeabilizou o solo e redirecionou o curso das águas. A cidade de São Paulo continua sendo inundada por qualquer chuva mediana.
A preocupação maior dos administradores e especialistas é com o consumo de água de 20 milhões de habitantes empilhados numa área relativamente exígua.
Falta levar à prática, e já é tarde, estudos e projetos de captação, armazenamento e intercomunicação de reservatórios. A extensão e a densidade da ocupação urbana não podem ser obstáculos insuperáveis para uma captação inteligente de águas pluviais.
Investem-se imensos recursos monetários e com indiscutível velocidade para construir estádios de futebol sob a nova denominação romana de arenas.
Com respeito às águas, orgulha-se a administração do país de erguer enormes e desafiadoras estruturas de contenção de águas rio abaixo. Poucos olham rio acima para descobrir que os grandes rios nascem de um olho d’água atacado de cegueira.
Água não pode ser dissociada do superpovoamento e da vegetação intensa necessária, especialmente nas encostas e vales, para proteger os mananciais.

Nas cidades, a preocupação maior da administração inteligente deveria ser, como em Tóquio, captar as águas da chuva em galerias subterrâneas e em canais alimentadores de represas.

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