quarta-feira, 24 de julho de 2013

INFILTRAÇÃO ZERO







Área impermeabilizada com barragens vegetais.









infiltração zero é área impermeabilizada)                   

Você sabia que um metro quadrado (1m2) de área impermeabilizada com asfalto ou cimento impede a infiltração de toda a água da chuva que sobre ela cai ao longo do ano? Se a precipitação anual foi de 2.000 mm, esse metro quadrado de asfalto impediu a infiltração de 2.000 litros de água no solo. (Um mm (milímetro) de chuva equivale a um litro por m2). A água que caiu sobre ele foi embora.
Calcule o volume de água sobre um módulo impermeabilizado de 100m2 de sua cidade. Os cidadãos pedem ruas e estacionamentos asfaltados para facilitar o trânsito, dar conforto aos condutores, diminuir a poeira levantada pelo atrito de rodas e espalhada pelo vento. A fumaça tóxica ejetada pelos automóveis parece não molestar a tranquilidade do cidadão que a prefere à poeira. É a ilusão do progresso que garante a reeleição do prefeito ou governador. Quilômetros de asfalto são um número glorioso nas estatísticas do partido governante.
Pois bem, voltando aos 2.000 mm de precipitação da chuva, como referência, aqueles 100m2 de asfalto impediram a infiltração de 200 mil litros de água que rolaram pela encosta ou foram engolidos pela boca de lobo. Os administradores do DF se gloriam de ter cimentado 600 km de ciclovias. Todo mundo aplaude. A bike é alternativa saudável e ambiental para o caos do trânsito e do transporte. Os 600 km cimentados se transformam em 600 mil metros que, multiplicados por 2m de largura, somam 1,2 milhão de m2.
Voltando aos 2.000mm de chuva deste ano de 2013, as ciclovias que tomaram o lugar da grama, de arbustos e árvores impedem, de agora para sempre, a infiltração de 2,4 bilhões de litros de água (2,4 milhões de m3). Não é pouca a água que cai sobre a cidade. Tornamo-nos insensatamente especialistas em expulsar a água da chuva. Nenhuma preocupação em captá-la por parte dos governantes que substituíram grama e árvores por cimento. Não basta dar importância à ciclovia. É preciso administrar os efeitos danosos da mão humana sobre a natureza.
Para onde vão esses bilhões de litros de água da chuva? Durante o período chuvoso, em razão da vasta e variada forma de impermeabilização da cidade com ruas, estacionamentos e edifícios, as águas invadem garagens subterrâneas, enchem as tesourinhas dos eixinhos do Plano Piloto, atravessam o hall dos prédios, alagam as avenidas, afogam os carros nos desníveis malcalculados.
Além desses inconvenientes, as águas, por onde passam, arrastam toneladas de lixo. Entopem bueiros e depositam no Lago Paranoá os sedimentos encontrados pelo caminho. A infiltração tendente a zero, nas cidades, em poucos anos, causam o desaparecimento de nascentes. Diminuem os índices de umidade do ar e provocam inundações recorrentes durante o ciclo de chuvas. Em consequência, arrasam-se os laboratórios vegetais de produção de oxigênio. Respira-se mal. Ingere-se dióxido de carbono.
Qual pode ser a solução a essas iniciativas desastrosas contra a água da chuva? Primeiro, ampliar a vegetação na mesma proporção da impermeabilização refazendo a barragem vegetal de captação e detenção da água da chuva. Segundo, captação da água da chuva em galerias subterrâneas para usá-la nos períodos de curta ou longa estiagem. Para isto, temos tecnologia adequada, especialistas para aplicá-la e muito dinheiro sumindo pelos variados ralos para executá-la. É a mesma tecnologia que abre túneis do metrô e estacionamentos sob os edifícios.
Apenas que, ao conhecimento da técnica, é preciso adicionar a sabedoria humana para aplicá-la.

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