A Editora Movimento, de Porto Alegre, daqui a poucas
semanas, publicará meu novo livro AS ÁRVORES
FALAM. Escutá-las é uma virtude que nobilita a vida de todos os seres que
habitam a natureza. As mensagens das árvores e do livro podem ser lidas à
sombra delas, num banco do parque.
A linguagem das árvores não é apenas uma expressão poética ou
simbólica para uso literário. É muito mais que uma metáfora. É uma linguagem
real. A interpretação desse idioma natural depende da leitura que os seres
vivos fazem ao olhar para elas e ouvi-las.
Os seres vegetarianos reconhecem nelas o alimento para sua sobrevivência
e reprodução. A transparência da linguagem vegetal, sua incapacidade de mentir
ou enganar é também sua fragilidade indefesa.
Pode-se ver na árvore o laboratório incansável de produção de
oxigênio limpo ao mesmo tempo que respiramos o óxido de carbono nas ruas. Pode-se
ler na transparente linguagem das árvores sua admirável capacidade de deter
metros cúbicos de água em suas raízes, troncos, galhos e folhas. Pode-se ver,
na majestade de sua figura, a madeira para construir casas, mesas, cadeiras,
camas, armários, estantes, guarda-roupas ou um simples bastão para apoiar os
passos cambaleantes do idoso.
Há alguns anos, um formidável incêndio de que foi vítima a vegetação
de meu Sítio das Neves, mostrou-me como é cruel, impiedoso e insolente o
analfabetismo e a ignorância dos incendiários. Não só os gritos das árvores,
das flores e das gramíneas pediam socorro sob a tortura das chamas. Centenas de
pássaros e animais, milhares de insetos apavorados deixavam aturdidos seus
ninhos, suas casas, suas tocas. Era um lamento desesperado da natureza.
Negrume, cinzas e cadáveres espalharam-se pela ondulação deserta do cerrado
mudo. A queimada arrasadora silenciou as árvores e tudo o que elas protegiam.
A derrubada de florestas é como a queima criminosa de uma
biblioteca. Tudo o que estava escrito nesses grossos volumes, tudo o que a natureza
levou milhões de anos para escrever desaparece. Ignorar as letras e a linguagem
das árvores é a mais grave doença mental dos incendiários gananciosos ou
simplesmente ignaros.
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