quarta-feira, 11 de julho de 2012

AS ÁRVORES FALAM



A Editora Movimento, de Porto Alegre, daqui a poucas semanas, publicará meu novo livro AS ÁRVORES FALAM. Escutá-las é uma virtude que nobilita a vida de todos os seres que habitam a natureza. As mensagens das árvores e do livro podem ser lidas à sombra delas, num banco do parque.
A linguagem das árvores não é apenas uma expressão poética ou simbólica para uso literário. É muito mais que uma metáfora. É uma linguagem real. A interpretação desse idioma natural depende da leitura que os seres vivos fazem ao olhar para elas e ouvi-las.
Os seres vegetarianos reconhecem nelas o alimento para sua sobrevivência e reprodução. A transparência da linguagem vegetal, sua incapacidade de mentir ou enganar é também sua fragilidade indefesa.
Pode-se ver na árvore o laboratório incansável de produção de oxigênio limpo ao mesmo tempo que respiramos o óxido de carbono nas ruas. Pode-se ler na transparente linguagem das árvores sua admirável capacidade de deter metros cúbicos de água em suas raízes, troncos, galhos e folhas. Pode-se ver, na majestade de sua figura, a madeira para construir casas, mesas, cadeiras, camas, armários, estantes, guarda-roupas ou um simples bastão para apoiar os passos cambaleantes do idoso.
Há alguns anos, um formidável incêndio de que foi vítima a vegetação de meu Sítio das Neves, mostrou-me como é cruel, impiedoso e insolente o analfabetismo e a ignorância dos incendiários. Não só os gritos das árvores, das flores e das gramíneas pediam socorro sob a tortura das chamas. Centenas de pássaros e animais, milhares de insetos apavorados deixavam aturdidos seus ninhos, suas casas, suas tocas. Era um lamento desesperado da natureza. Negrume, cinzas e cadáveres espalharam-se pela ondulação deserta do cerrado mudo. A queimada arrasadora silenciou as árvores e tudo o que elas protegiam.
A derrubada de florestas é como a queima criminosa de uma biblioteca. Tudo o que estava escrito nesses grossos volumes, tudo o que a natureza levou milhões de anos para escrever desaparece. Ignorar as letras e a linguagem das árvores é a mais grave doença mental dos incendiários gananciosos ou simplesmente ignaros.

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