segunda-feira, 14 de maio de 2012

DESEMPREGO REMUNERADO


Relatos históricos, etnográficos e antropológicos sobre os habitantes das terras e rios brasileiros ocupados pelos portugueses, em 1500, não mencionam, em momento algum, o desemprego como consequência da organização social autóctone. Conclui-se que um mundo diferente já foi possível.
O desemprego, o boicote à criatividade de imensas populações é uma invenção da era industrial que veio para ficar. O desemprego, em nossa era pós-industrial, encontrou na tecnologia e na esperteza formas de ter dinheiro sem ter a carteira de trabalho assinada, um dos sonhos do brasileiro.
Há dez mil anos, quando a produção de alimentos conseguiu excedentes para períodos não produtivos, organizaram-se os artistas, os músicos, os escribas, os sacerdotes para o ócio intelectual sob a regênvia de um monarca. O campo produzia. As aldeias desfrutavam da abundância. Hoje, em escala maior e mais sofisticada, o ócio tecnológico domina os governos, a burocracia generalizada, as finanças e todas as atividades virtuais, especialmente a informação e a comunicação. Fala-se diariamente com pessoas invisíveis e desconhecidas.
O desemprego, que era caracterizado pela falta de renda, consistia numa espécie de punição sem culpa. Voltamos, agora, à era pré-colombiana. Não temos desemprego no sentido clássico da falta de remuneração. O PIB, uma espécie de zumbi infiltrado na economia, cresce mesmo com 70 milhões que não têm emprego econômico, pois todos recebem uma remuneração como prêmio do ócio para não perturbar a paz da organização social.
Um mundo diferente está sendo possível, isto é, obter renda sem emprego. Nos estacionamentos diurnos e noturnos, oficiais ou extraoficiais, nos semáforos, nas portas dos bancos, supermercados e restaurantes, pelo telefone, rádio, TV e Internet, arrecada-se dinheiro ocioso. Há formas um pouco mais arriscadas de se obter dinheiro. Neste caso, o volume de dinheiro é proporcional ao risco.
Diz a polícia especializada. neste ramo de arrecadação de dinheiro. que a distração é a porta de entrada do cofre. Sequestros criativos levam jovens casais e aposentados distraídos aos caixas eletrônicos e lhes sacam as economias ociosas. As drogas, comandadas por armas roubadas ao exército, por distração, chegam aos incautos. Funcionários de bancos ou órgãos do governo se aproveitam das distrações dos colegas e transferem somas de uma conta a outra.
Até a senhora Dilma Rousseff, mãe do PAC, ex-chefe da Casa Civil e hoje presidente da república, numa ligeira distração, estressada pelas atividades burlescas de companheiros aloprados, foi vítima da Delta e dos meninos delinquentes do Cachoeira que lhe tomaram bilhões de reais.
É o mundo diferente, não só possível como real, no qual vivemos. Somos todos empregados e remunerados para pagar o ócio da câmara dos deputados, do senado e do governo.
Saúde!

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