Deixei-me atrair e me encantei progressivamente pelo conceito de um universo integrado na diversidade dos seres que nele existem. A pluralidade das existências vivas, cada uma à sua maneira e a solidariedade que ultrapassa as fronteiras humanas para proteger e defender todas as vidas (seres vivos) fundamentam o relacionamento, a convivência e a comunicação da verdade universal. Intuo e sinto esse fenômeno espiritual da compreensibilidade universal. “A unidade e a solidariedade entre a humanidade não pode consistir num acordo universal sobre uma única religião ou uma única filosofia, ou uma única forma de governo, mas na fé de que o múltiplo aponta para um Uno, simultaneamente oculto e revelado pela diversidade”. (H. Arendt, Homens em tempos sombrios, p.82)
Choquei-me, por isso, em minha caminhada na direção do universo uno e integrado, com as propostas de um único salvador da humanidade e com uma única religião verdadeira. Cristo tomou consciência de si mesmo e fez disto uma questão não só para si mesmo, como a projetou em forma de símbolo e modelo para toda a humanidade. Acrescentou a essa atitude o argumento de ser filho de Deus. As condições da história humana à época do aparecimento de Cristo permitiram que o símbolo e o modelo se difundissem, sobrepondo-se aos aceitos pelos bárbaros, gregos, romanos e judeus.
“A filosofia cristã da história, desde Agostinho a Hegel, vê no surgimento de Cristo o ponto de inflexão e o centro da história mundial. Como tal, é válida apenas para os fieis cristãos, e se ela reivindica autoridade sobre todos, avança para a unidade da humanidade tanto quanto qualquer outro mito que pregue a pluralidade dos princípios e dos fins.” (H. Arendt, Homens em tempos sombrios, p.80)
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