quarta-feira, 21 de setembro de 2011

AS LEIS DE MERCADO

Quem escreveu as leis de mercado? É comum ouvir-se: o mercado reagiu positivamente ou negativamente a esta ou àquela circunstância política. Quem é esse mercado? O consumidor e vendedor se encontram no mercado? Nem sempre o que o primeiro procura, o segundo oferece. Onde está o mercado nesse desencontro? Quem oferece algum produto gastou dinheiro e tempo para confeccioná-lo. Se não tem dinheiro próprio, terá que pedir emprestado a alguém. Esse alguém que pode emprestar precisa ter garantias de que o dinheiro volte inteiro, acrescido em forma de juros, pois há o risco de se perder. De mais a mais, o dinheiro nem sempre é do banqueiro. Ele utiliza poupança alheia que também precisa ser remunerada. Se o consumidor não tem dinheiro suficiente para comprar o que deseja, vai ao banco. Gasta o dinheiro e o juro que pagou. As leis do mercado são feitas pelo emprestador de dinheiro.

Banco, essa invenção diabólica, da qual é difícil libertar-se, comanda as decisões de quem produz e de quem compra. As bolhas que ultimamente estouraram pelo mundo desnudaram o conceito de mercado. Elas foram produzidas por especuladores financeiros escondidos por trás das cortinas de mármore que protegem os bancos. Samuel Beckett dizia: “Crime não é assaltar um banco. Crime é fundá-lo”.

Leis de Mercado são leis de banqueiros, de trustes e monopólios financeiros capazes de enganar os pobres e os ricos, e cooptar presidentes de Estado para protegê-los contra a falência. Banco não pode falir porque ele é o mercado. É a falácia do sistema.

Só políticas de Estado, apesar da grita dos que defendem a liberdade de iniciativa para extorquir as poupanças alheias, são capazes de frear a ganância de emprestadores de dinheiro. Políticas de educação, cultura, saúde, lazer, serviços públicos de transporte e habitação, saneamento e água potável, conservação de áreas verdes, parques e florestas deveriam orientar e acumular as poupanças populares e nacionais para manter rígido controle sobre as leis de mercado, isto é, sobre os bancos.

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