sexta-feira, 12 de agosto de 2011

CONSELHO DE RECURSOS HÍDRICOS - DF


No dia 11 de agosto, 2011, instalou-se o Conselho de Recursos Hídricos do Distrito Federal. Sou um dos 26 conselheiros que tomaram posse juntamente com os suplentes. Cochichei ao conselheiro sentado a meu lado:
– Se saíssemos agora, cada um de nós, a plantar uma árvore já seria um bom começo para garantir água para o futuro.

Meu vizinho completou:
– Melhor ainda seria sair pelo cerrado a espalhar sementes antes da chuva.
O número de conselheiros e de entidades presentes (veja no Google CRH/DF) é uma tentativa de envolver todos os ramos de serviços do governo e de organizações representativas, associações de moradores e ONGs. Teria sido fantástico criar esse Conselho há 50 anos, quando Brasília engatinhava. O cerrado estava quase intacto. Nascentes de água cristalina jorravam do chão e as pequenas cachoeiras borbulhavam límpidas. Ter-se-ia prevenido o desastre. Milhares de nascentes secaram e com elas córregos e riachos. Os que sobraram estão poluídos e transformados em canais de esgotos. A urbanização exacerbada e desordenada aumentou o consumo de água além da capacidade dos mananciais. Milhares de poços artesianos exaurem os aquíferos. A impermeabilização do solo impede a recarga dos lagos subterrâneos pela água das chuvas.
Agora, estamos todos conscientes do desastre e temos boa vontade para salvar o que sobrou dos escombros ambientais. Vídeos, planos, relatórios, decretos, pessoal comprometido, grandes somas de dinheiro investido, tudo parece chegar a algum lugar incerto e não sabido. Apesar de todo esse esforço institucional parece que o ponto central não foi determinado e é este: o consumo de água pela população é superior à sua produção. É o superpovoamento. Apesar de todo o envolvimento dos órgãos de controle do governo e da sociedade civil, os condomínios abrem poços artesianos sem autorização, as queimadas se multiplicam na época seca, os urbanizadores e construtoras arrasam imensas áreas de cerrado, lixo se amontoa à beira das rodovias, entulho de reformas e construções entopem o Lago Paranoá, as nascentes desaparecem e os córregos viram canais de esgoto.
O Conselho de Recursos Hídricos cumprirá sua missão se a sociedade civil, como segundo poder, conseguir do governo eleito por ela a determinação política de estancar a expansão urbana dentro do Distrito Federal. Tudo indica, porém, que o superpovoamento do Distrito Federal é amparado por interesses econômicos e continuará a desafiar as boas intenções do Conselho de Recursos Hídricos Insustentáveis.

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