O CERRADO DO DISTRITO FEDERAL JÁ ERA!
Na determinação da área geográfica, onde se
construiria a capital do país, coube ao Território do Distrito Federal um espaço
de 5.822 km2, (582.200 hectares = 5.822.000.000 m2). Nesta
área, no começo da década de 1960, se registraram ao redor de 4 mil nascentes,
hoje reduzidas a menos de mil. A caixa d’água do Brasil está secando. Mais de 4
mil km2 do DF foram ocupados pela desordenada urbanização intensa,
com represamento de águas, rodovias, produção extensiva de alimentos, destruição
da vegetação nativa, aterramento de nascentes e pequenos córregos, queimadas
anuais. Mais de 40 mil poços artesianos, autorizados ou clandestinos, alteram a
vazão de nascentes, diminuem e rebaixam o volume dos aquíferos.
Os ecossistemas do bioma Cerrado se formaram durante
milênios e sua regeneração, além de muito difícil, requer dezenas de anos. As
duas nascentes da Biocomunidade do Sítio das Neves (DF), graças à estratégia de
retenção das águas da chuva, desde 1974, se tornaram perenes ao longo de 15 anos.
Em 50 anos, o ecossistema se regenerou. A área do Sítio das Neves, 70 ha, foi
agregada oficialmente, em 2023, como reserva do Patrimônio Nacional. Sou, com
meus familiares, um dos hóspedes do Cerrado, em companhia de 7 milhões de representantes
da vegetação nativa e centenas de não humanos refugiados da devastação humana.
A imagem, km 23 da BR 060, DF, mostra claramente a ocupação
irresponsável do solo e do frágil ecossistema do Cerrado (Foto Eugênio Giovenardi,
2024).
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