domingo, 28 de julho de 2024

REVISITANDO O CERRADO DE HÁ 60 MILHÕES DE ANOS

 

REVISITANDO O CERRADO DE HÁ 60 MILHÕES DE ANOS

BIOCOMUNIDADE SÍTIO DAS NEVES – 50 ANOS DE PAZ!

 

Entre paredes rochosas de 20 a 30 metros de altura, ouvindo a mensagem do tempo, os peregrinos CARLOS FREDERICO MOURA, PRISCILA BOCCHI E LUIZ GUILHERME BOCCHI, ULYSSES NARCIZO LEAL COSTA E FABRÍCIO, NASRCIZO LEAL COSTA, mergulharam no silêncio e na escuridão da Mata Azul, em pleno dia, e provaram da água cristalina do chão brotada. A regeneração do Cerrado depende de água. A sabedoria da espécie humana está chamada a capacitar-se em captar e reter as águas da chuva. As espécies não humanas já nascem alfabetizadas em água. Os peregrinos que, ontem, participaram do Banho de Floresta perceberam, estupefatos, alguns dos segredos milenares do Cerrado. Os visitantes se alegraram com o Cerrado regenerado e o Cerrado agradeceu a presença de hóspedes de olhar atento.

 

Imagem: Cenário pintado pela Natureza, Biocomunidade Sítio das Neves, DF, Foto Danilo Rocha e Laura G.G.

terça-feira, 23 de julho de 2024

VOLTANDO AO CERRADO DE 20 MILHÕES DE ANOS

 

VOLTANDO AO CERRADO DE 20 MILHÕES DE ANOS

 

Ontem, 22 de julho de 2024, aos 90 anos, desfrutei de uma experiência, caminhando na escura mata ciliar do Córrego da Mata Azul, com a sensação de perceber o que era o Cerrado há 20 milhões de anos. Velhas copaíbas fossilizadas no chão e outras descendentes eretas buscando a luz do sol nestes dias em que as temperaturas baixam a 7 e 9 graus à noite. Rochas de xisto, formando muros de 3ª metros de altura, descobertas por bilhões de metros cúbicos derramados pelas chuvas milenares. Assim se mostrou o silêncio, a escuridão e a velhice da mata e das árvores. Uma experiência profunda de voltar no tempo sem fim. Somos descendentes de quem sustentou a vida. Eles passaram, nós passaremos, mas podemos sentir a vida de outros milênios em 30 minutos.

Imagem. Águas cristalinas de 60 milhões de anos, Sítio das Neves, Cerrado do DF, ameaçadas de extinção pelo dedo humano. (Foto Eugênio Giovenardi).

quarta-feira, 17 de julho de 2024

FUNÇÃO DA ESPÉCIE HUMANA

 

FUNÇÃO DA ESPÉCIE HUMANA

 

O milagre da vida, sua manifestação multiforme e diversificada pela evolução, está acima e além de qualquer explicação. A evolução dos hominídeos estabeleceu uma função privilegiada para o funcionamento do cérebro da espécie sapiens? O dom da palavra, a exposição de conceitos, a capacidade utilitária dos sentidos, a posição ereta e o uso multiforme das mãos contribuíram para o desenvolvimento do cérebro do homo sapiens. A espécie humana se isolou como mandatária absoluta e ditatorial, sem oposição ou concorrência, para uso e destino de todos os elementos que a natureza oferece para sustentação e reprodução da teia da vida. Por que, diante da natureza, o cérebro humano pode ter diferentes intepretações? Sobreviver e se reproduzir são leis imutáveis, imanentes e impostas pela auto-organização da natureza das coisas. A vida é um fato. Qual é, então, a função específica do homem sapiente na manutenção da teia da vida?

A função de um elemento físico de um conjunto se manifesta quando se relaciona com um ou mais elementos de outro conjunto. A função determina uma relação entre os elementos de dois conjuntos. O homo sapiens, do conjunto seres vivos, se relaciona com um ou mais elementos do mesmo ou de outro conjunto (água, solo, ar, luz, árvores). O primeiro conjunto é chamado de domínio e, o segundo, contradomínio da função ou reação. Nesta análise confrontam-se ─ natureza e espécie humana ou homo sapiens.

Ação do homo sapiens frente à Natureza. Usando a fórmula matemática, Natureza é igual, isto é, reage à função de HS. N= f(HS). O exercício da função do homo sapiens determinará respostas da natureza por meio de reações de cada elemento ou solidariamente de todos os elementos que integram o mesmo sistema. A relação do homo sapiens com a água é igual à f(HS) – Os diferentes usos da água podem afetar o volume e/ou sua qualidade. O sistema físico é um conjunto de elementos integrados: água, solo, ar, luz/calor. Eles se intercomunicam e podem afetar simultaneamente as espécies vivas. Então, água-solo-ar-calor respondem à f(HS), isto é, reagem segundo o uso que se faça desses elementos. Uma perigosa bomba atômica pode explodir se a função homo sapiens não se relacionar racional e sabiamente com o conjunto desses elementos do sistema que a natureza utiliza para sustentação e reprodução da biodiversidade.

Definir e compreender a função da espécie humana (Sócrates: conhece-te a ti mesmo) podem representar a raiz do processo educativo, desde a infância, para manutenção da teia da vida, da felicidade, da paz individual e social.


 

terça-feira, 16 de julho de 2024

O CERRADO DO DISTRITO FEDERAL JÁ ERA!

 

O CERRADO DO DISTRITO FEDERAL JÁ ERA!

Na determinação da área geográfica, onde se construiria a capital do país, coube ao Território do Distrito Federal um espaço de 5.822 km2, (582.200 hectares = 5.822.000.000 m2). Nesta área, no começo da década de 1960, se registraram ao redor de 4 mil nascentes, hoje reduzidas a menos de mil. A caixa d’água do Brasil está secando. Mais de 4 mil km2 do DF foram ocupados pela desordenada urbanização intensa, com represamento de águas, rodovias, produção extensiva de alimentos, destruição da vegetação nativa, aterramento de nascentes e pequenos córregos, queimadas anuais. Mais de 40 mil poços artesianos, autorizados ou clandestinos, alteram a vazão de nascentes, diminuem e rebaixam o volume dos aquíferos.

Os ecossistemas do bioma Cerrado se formaram durante milênios e sua regeneração, além de muito difícil, requer dezenas de anos. As duas nascentes da Biocomunidade do Sítio das Neves (DF), graças à estratégia de retenção das águas da chuva, desde 1974, se tornaram perenes ao longo de 15 anos. Em 50 anos, o ecossistema se regenerou. A área do Sítio das Neves, 70 ha, foi agregada oficialmente, em 2023, como reserva do Patrimônio Nacional. Sou, com meus familiares, um dos hóspedes do Cerrado, em companhia de 7 milhões de representantes da vegetação nativa e centenas de não humanos refugiados da devastação humana.

 

A imagem, km 23 da BR 060, DF, mostra claramente a ocupação irresponsável do solo e do frágil ecossistema do Cerrado (Foto Eugênio Giovenardi, 2024).




sexta-feira, 5 de julho de 2024

CHUVAS DE JUNHO ▬ ANOS 2013 a 2024

 

 CHUVAS DE JUNHO    ANOS 2013 a 2024

Em milímetros ─ 1 mm = 1 litro/m2  

ANOS                               MÊS  ▬      TOTAL ANO/ MM

2013                                        23.8           2.255,6

2014                                          7.0           1.677,5

2015                                          0.0           1.642,7

2016                               -            0.0           1.921,7

2017                               -            0.0            1.478,7

2018                                          0.0            1.760.5

2019                                          0.0            1.069.3

2020                                          0.0            1.787,8

2021                                           39.0            1.710.8

2022                                          0.0            1.279,2 

2023                               -            0.0            1.323.4) 

2024                               -            0.0             1.003,5  (no ano)

 Aos que seguem o movimento das águas pluviais durante o ano, ofereço os dados coletados, no mês de junho dos últimos 12 anos, pelo pluviômetro instalado no Sítio das Neves pela Agencia Nacional de Aguas (ANA). Os dados refletem a situação pluviométrica de parte da Bacia do Descoberto e Micro Bacia do Ribeirão das Lajes, DF. O acumulado de chuvas do ano de 2024, é de 1.003,5 mm ou litros por m2, na região da microbacia do Ribeirão das Lajes, no Distrito Federal. O mês de junho, em 12 anos, reflete a redução das chuvas, revelam efeitos das mudanças de clima e oferecem novos cenários com os quais os seres vivos humanos e não humanos hão de conviver.