BRAS'ILIA, UM DESERTO EM DUAS DÉCADAS
Há 60 anos as nascentes do Distrito Federal eram suficientes para
abastecer a população, então existente, de 12.000 pessoas. Nestas últimas seis
décadas se ampliaram reservatórios, buscaram-se águas a mais de 100 km e não são
suficientes para manter um clima saudável para os 4 milhões de pessoas que ocupam,
hoje, o degradado ecossistema.
Há pelo menos dez anos, Brasília depende das águas da chuva para
irrigar o cerrado desertificado. Brasília não será inundada como as ilhas Tuvalu
do Pacífico. Mas terá as características de um deserto em 30 anos. Estudos
atuais, com o fracasso da COP26, estimam que o planeta está caminhando célere
para um aquecimento catastrófico que intensificará o número de refugiados do
clima.
Minha neta, daqui a três décadas, terá apenas 53 anos e testemunhará o
fato de estarem semivazios nossos reservatórios. Verá a triste fuga de milhares de brasilienses
do deserto que se tornará a cidade-parque, Patrimônio Cultural da Humanidade.
A tradicional política administrativa do DF se concentra na urbanização
física da cidade e descura da interação e interdependência dos seres humanos e
não humanos deste ecossistema sensitivo que abriga a mais rica biodiversidade
do planeta.
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