MENSAGEM AOS SOBREVIVENTES
Eugênio
Giovenardi
Escritor e
Ecossociólogo
2020
Há quatro décadas, observo as relações de convivência
e de interdependência da espécie humana com milhares de outras espécies da
biodiversidade, especialmente no Cerrado brasileiro.
Todos os caminhantes deixam pegadas de seus passos.
Por caminhos abertos passam os que vêm depois. Nestas respostas, deixo minhas
pegadas. Tenho certeza de que as medidas nem sempre servem a todos os pés. Vivo
numa nova capital e na antessala de um novo mundo. Lanço um novo olhar sobre o
planeta e especificamente sobre a natureza.
Estamos numa encruzilhada. Andamos muito. Cometemos
afoitezas. Corremos, quando devíamos andar devagar. Atropelamos a natureza.
Empobrecemos o planeta. A resposta ecológica do planeta está clara. A covid/19
é um alerta global
A água, os esgotos, o lixo matam vidas e, nessa onda,
vamos nós, a insigne espécie sapiente. Há que ouvir a natureza. Ouvir as
árvores e seus gritos silenciosos. Comover-se com os clamores dos pássaros e
sentir-se culpados pelas mortes de animais nas rodovias.
Como sairmos desse labirinto ou desta prisão que
construímos sem prever uma porta de saída? Temos riqueza contrabalançada com
extrema pobreza. Não sabemos o que e como fazer com elas.
Nesta comunicação, em forma de entrevista, colecionei vinte
perguntas que me fiz e que outros mais jovens me fazem diante das certezas,
incertezas e alertas de nosso tempo às voltas com um vírus invisível.
-– Há milhares de anos, os hominídeos
vêm enfrentando mudanças climáticas. Nossos antepassados próximos, os
Neandertais, abriram caminho para o Homo Sapiens. Eles se extinguiram. Nosso
destino poderá ser o mesmo?
O degelo no Hemisfério Norte, os desertos do
Hemisfério Sul tenham talvez provocado o encontro entre Neandertais e Homo Sapiens, ao longo de séculos.
Mudança de rumos na história da espécie humana. O homo sapiens se adaptou ao frio, ao calor, aos vales e às
montanhas. Arriscou-se à travessia de rios e mares, por terra, mar e ar.
Mudamos permanentemente, mesmo sem perceber que mudamos. O tempo é testemunho das
mudanças, das adaptações, de êxitos e fracassos. Da GLÓRIA E QUEDA DO HOMO
SAPIENS. Nossa época e nossa cultura são o resultado de contínuas mudanças.
Saímos da coleta de folhas e frutos, da caça individual ou cooperativa, há 15
ou 20 mil anos. Domesticamos cereais, e animais. Construímos cidades, palácios,
impérios, templos, universidades, bibliotecas, teatros, arenas para os mais
variados esportes.
Parece que a tão almejada felicidade ou o paraíso
prometido ficaram para trás ou se mantêm escondidos das elucubrações do cérebro
humano.
Há fenômenos naturais ou a natureza das coisas que
atropelam a rotina ou os planos da espécie humana. Somos o único mamífero cujo
cérebro é capaz de perceber, compreender e acompanhar o funcionamento das leis
físicas.
Temos, hoje, séries históricas de fenômenos
climáticos. Produzimos sensores de grande alcance. Operamos cálculos
matemáticos e estatísticos que permitem antever alguns eventos. Os animais
também pressentem mudanças ou eventos perigosos e buscam abrigo. Uma coisa é
prever a ameaça de fenômenos físicos, outra, muito diferente é prever nosso
comportamento diante deles. Alguns, como inundações, são favorecidos pela
urbanização em espaços inadequados, pelo desmatamento, pelo desvio de cursos de
água, ou pelo esgotamento de lagos.
O planeta é sacudido desde sempre por fenômenos
físicos e mudanças climáticas. A esses fenômenos naturais se associa a ação
humana em seu afã de extrair do planeta mais do que ele pode dar. Arrasa
montanhas, desvia cursos de rios, esgota aquíferos superficiais e profundos,
destrói florestas, polui águas, o solo e o ar com a queima de combustível
fóssil, petróleo e gás.
As mudanças climáticas, aquecimento local e global,
cataclismos imprevisíveis, secas, inundações, tormentas, vendavais arrasadores,
tornaram-se o pão de cada dia em todos os países e com frequência perturbadora.
Perdemos vidas e o produto do trabalho, da técnica e da arte empregados.
O que sabemos sobre a natureza? Sobre seus segredos?
Sobre os riscos da rota do planeta no Sistema Solar? Sobre seu potencial
positivo ou negativo para a manutenção da vida? Sobre terremotos ou maremotos?
E, agora, sobre vírus? Ou bactérias? Se soubéssemos antecipadamente, pela via
da ciência preventiva como parte da biodiversidade, não teríamos 100 mil mortes
causadas por um vírus, no Brasil, até agora.
A ciência preventiva está ainda em cueiros. Os
complicados caminhos no labirinto da biodiversidade e da interdependência de
todos os microssistemas de vidas não foram devassados. Estultos os que acham
que se pode criar um vírus. Pode-se
criar o ambiente favorável para que vírus e bactérias apareçam sem avisar. O
vírus também defende a própria vida e busca seu espaço. O vírus tanto pode
viajar de avião quanto na patinha de um canário. Com toda a tecnologia
acumulada em 20 mil anos, ainda estamos na antessala do desbravamento da
natureza que nos sustenta. Nossa corrida, no estágio atual, é apelar
desesperadamente para a ciência curativa, no afã de vencer a força das
calamidades, de guerrear vírus invisíveis, nos livrar de suas ameaças, de fugir
delas ou de conviver com elas.
O vírus é um ser vivo, animado. E todos os seres
animados assumem sua cota de predador para sobreviver. Os humanos também são predadores
e lutam para se reproduzir. Atacam outros seres vivos e se defendem na luta
pela vida. É a natureza das coisas. O vírus é um alerta da natureza.
O fracasso do capitalismo, do crescimento econômico,
do consumismo, das inversões no supérfluo para oferecer felicidade à espécie
humana é um alerta para o homo sapiens.
Se quiser sobreviver tranquilo no conjunto de vidas da biodiversidade terá que rever
a maneira de se relacionar com a natureza.
Há que ter humildade para reconhecer o fracasso, as causas do fracasso,
os efeitos do fracasso sobre os elementos vitais da sobrevivência, como água e
florestas, poluição do ar e das águas. Mas também reconhecer o fracasso nas
relações humanas, na distribuição de oportunidades, na repartição dos bens
comuns da natureza para saciar a fome de milhões, no tratamento solidário e
respeitoso a culturas milenares.
Os quarenta milhões de trabalhadores brasileiros que o
crescimento econômico excluiu do bem-estar não terão mais lugar nas empresas
que os demitiram.
Não serão, com certeza, os donos do poder que, hoje, ditam
normas autoritárias e corporativas de convivência desigual, os que se apressarão
a mudar de rumo. São os que enfrentarão a vida nos próximos cinquenta anos.
Eles já estão gritando e exigindo o início de uma nova era. A era deles. Preparada por eles. Nossa herança cultural é
indefensável. Em todas as partes do planeta há demonstrações de que os jovens não
querem propriedades industriais globalizadas nem contas bancárias sujas de
sangue e de exploração das pessoas e da natureza.
As condições de vida que as novas gerações irão
encontrar dependem do que se faz hoje. O que se deseja encontrar no futuro não
acontecerá no futuro. O futuro começa a acontecer no presente. É o presente,
com as lições do passado, o tempo de pensar, decidir e fazer.
Parece-me que três atitudes devem ser adotadas no
presente:
a)
Conhecer e
respeitar a força do funcionamento das leis da natureza e não atentar contra
ela.
b)
Compreender a
interdependência de todos os seres vivos para alcançar conhecimentos
científicos preventivos que possam enfrentar fenômenos naturais repentinos.
c)
Preparar
estruturas diversificadas para contornar os efeitos de fenômenos naturais
físicos (terremotos, tormentas) ou de conflitos nas relações de
interdependência dos organismos vivos (bactérias, vírus).
Mas, parece claro que as mudanças provocadas por nós e
as que a natureza nos impõe serão enfrentadas de outra maneira pelas novas
gerações.
O que muda no ambiente exterior que circunda a espécie
humana a obriga a se adaptar às mudanças para não ser extinta por elas. A
realidade é a sirene do alarme. A natureza não é virtual. É real. Tentamos fugir
da realidade. Queremos transformar a realidade das coisas em realidades
virtuais com as quais podemos lidar, mexer, trocar. Eis a ilusão que nos faz
desviar do caminho.
Mudanças acontecem, no universo há bilhões de anos.
Nosso planeta passou do fogo à água. Vulcões e terremotos frequentes atestam as
mudanças climáticas de um remotíssimo passado.
Desde que a vida surgiu das águas, os seres vivos, ao
se diversificarem, foram se adaptando ao meio, à alimentação necessária para a
reprodução e sobrevivência. Mas a interdependência dos seres vivos é uma lei
natural. Nossos antepassados nos deixaram esta herança: sobreviver às mudanças.
Mudanças de clima, mudanças geológicas, nascimento e extinção de espécies,
obedecendo ao processo de regeneração lenta, mas contínua, no conjunto da
natureza.
A energia das mudanças atinge a espécie humana pelo
inestimável fato de ela possuir um cérebro capaz de perceber, compreender e
acompanhar os fenômenos físicos, e o impacto das atividades do homo sapiens sobre eles.
Atingimos um ponto elevado na história da convivência
humana, da ciência, da organização social, da exploração econômica dos bens do
planeta. Esse ponto da escalada vertical parece indicar que as mudanças a serem
enfrentadas, podem catapultar o homo
sapiens para um patamar mais equilibrado e calmo, mas não sem sofrimento e
pesadas perdas.
Os jovens, neste segundo tempo, atual e moderno,
constroem um novo cenário de relações com um vocabulário tirado de um
dicionário que a velha guarda tem dificuldades de interpretar.
A nova história da espécie humana não borra o passado.
O passado será um museu histórico no qual se evidenciam as eras culturais da
turbulenta convivência humana ao longo de milhares de anos.
Como a energia das mudanças, em nossa época, afetará a
velha guarda do homo sapiens e a nova
geração cibernética é a questão a ser respondida pelas duas partes ao mesmo
tempo. Os conflitos durante esse lento e longo período de mudanças aparecerão e
serão solucionados com as ferramentas de cada etapa.
No período de mudanças, ou no tempo em que elas se
anunciam como fenômeno sociocultural irreprimível, de pouco adianta querer
indicar rumos ou situações possíveis ou previsíveis. Há que ater-se à realidade
dos fatos que as mudanças impõem no presente. O passado é indestrutível. O
futuro se constrói no presente. O futuro são nossos netos e bisnetos quando
completarem 50 ou 80 anos. O trabalho cerebral dos dois grupos, simultaneamente
tocados, terá que se dobrar à realidade, sem deixar-se conduzir pela fantasia.
O planeta, a natureza é real. Não virtual.
Num terremoto há mortos que serão enterrados. Há
prédios destruídos que serão reerguidos com diferentes técnicas e engenharia.
Num terremoto cultural, de abrangência universal, haverá perdas estruturais que
sustentavam concepções afetadas pela obsolescência. Em compensação, longos e
fatigantes esforços de regeneração das energias levarão as novas gerações para
outras plataformas com novos paradigmas de convivência.
As mudanças levam tempo. A reação contra a segregação
racial se arrasta por mais de cem anos. A diferença no tratamento ou a
discriminação de gênero avança a passos lentos. Quanto mais cresce a população
mundial e quanto mais se criam grupos racialmente independentes, economicamente
desiguais, regidas por leis discriminatórias, mais difícil será consolidar um
novo paradigma para a mudança. Por isso, a globalização dos comportamentos
estereotipados está ruindo.
O caminho em direção à mudança de paradigma da
convivência humana é imposto pelo fracasso da exploração econômica que condena
2 bilhões de pessoas à pobreza, à miséria, à desilusão da vida. Pelo fracasso
político das nações em guerras localizadas. Pelo fracasso ecológico revelado na
destruição de ecossistemas favoráveis à vida. Pelo ataque sistemático à
interdependência dos seres vivos.
O Brasil, hoje, parece estar na rabeira das mudanças
estruturais para um novo caminho, pois algumas lideranças insistem em
retrocessos éticos, morais, culturais e ambientais. A nossa geração arrisca de
deixar aos descendentes uma dívida impagável.
Na década de 1970, demógrafos avaliavam a capacidade
de suporte do planeta diante do risco da bomba populacional (The population bomb, Paul Eherlich,
1968). No começo dessa década, a população humana (3 bilhões) teria atingido o
número adequado (ideal) para manter o equilíbrio das riquezas limitadas que o
planeta dispõe para benefício equitativo da espécie humana. Ao mesmo tempo, estaria
preservado o equilíbrio reprodutivo da biodiversidade e facilitaria a regeneração
das espécies vivas.
A superlotação do planeta, estimulada por fatores
econômicos, culturais ou religiosos, é um tema a ser tratado com seriedade,
franqueza e urgência. A superlotação de um espaço inibe a cooperação entre as
pessoas e a natureza, acirra a competição para o uso dos elementos essenciais à
vida e dificulta a solução de conflitos sociais e ambientais. A racionalidade é
uma das virtudes do homo sapiens que
lhe permite ordenar o equilíbrio entre as limitações das riquezas naturais do
planeta e a intensidade do uso dos bens essenciais: água, alimentos e energia
físico-eletrônica. O controle do crescimento da população, em todas as regiões
do planeta, é uma decisão racional e urgente, cujos efeitos abrangem a
biodiversidade em todos os ecossistemas.
Somos, hoje, 7,8 bilhões de humanos a consumir as
riquezas do planeta, a começar pela água. Em duas décadas, haverá cerca de 11
bilhões.
“Essa progressão, no entanto, vai terminar, afirma o
sociólogo Jeremy Rifkin (Denver Unv.). As razões para isso têm a
ver com o papel das mulheres e sua relação com a energia. Na antiguidade, as
mulheres eram escravas, eram provedoras de energia, tinham que manter o
abastecimento de água e alimentar o fogo para cozinhar.”
As mulheres acumularam sabedoria e prudência para dar
continuidade à vida, estimular e introduzir mudanças nas relações sociais e
econômicas adequadas às limitações da casa comum que habitamos. Cabe a elas
decidir.
A dita classe política, as empresas preocupadas com o
crescimento econômico não perceberam nem ouviram o grito dos que enfrentarão o
novo milênio. Os milenares, os jovens deste milênio já estão nascendo e
deixando para trás seus antecessores.
Que sentido terá e que lugar ocupará o PIB numa era
cibernética na qual os valores culturais, sociais, ambientais e econômicos
serão reordenados e sustentados por novos códigos éticos? Como e até quando se
sustentará a economia baseada em combustíveis fósseis, em consumo irracional de
supérfluos, em urbanização massiva do planeta, em redução constrangedora da
vegetação milenar e em esgotamento de mananciais aquíferos?
Vozes jovens, como a de Greta Thunberg e da brasileira
Valentina Ruas, lideram outros milhões da geração deste milênio e reclamam por
um novo cenário em que viverão nos próximos cinquenta anos. A geração que
dominou no século 20 será substituída, mesmo a contragosto, pelos novos chegados
a este milênio. Os 3 bilhões de pirralhos conscientes de hoje terão pela frente
um novo mundo com outras decisões.
No ritmo das mudanças climáticas, cientistas
consideram evidente o impacto da ação da espécie humana sobre o agravamento dos
efeitos negativos, especialmente sobre a poluição do ar e das águas. Durante a
pandemia provocada pelo novo Coronavírus, as medidas de restrição à circulação
de pessoas, fechamento de fronteiras, interrupção de transporte por vias
aéreas, marítimas e terrestres, constatou-se sensível melhora na qualidade do
ar. No entanto, o volume de lixo não coletado para reciclagem continua comprometendo
os ecossistemas. Os esgotos não tratados afetam a qualidade das águas
superficiais e profundas e são uma reserva viva de bactérias e vírus.
A ação da espécie humana agride, ao mesmo tempo, o
ventre, a pele e os pulmões do planeta: águas, solo e vegetação. Destruímos grande
parte do passado do planeta. Imensas jazidas de material fóssil já não existem.
Viraram combustível de máquinas poderosas e espalham CO2 na
atmosfera. O planeta levará milhões de anos para se regenerar. Por isso, não
são apenas ameaças de extinção de espécies e do próprio homem sapiente. É uma lei da natureza. Por isso, o crescimento
zero de nossa ação econômica destruidora é uma imposição da natureza.
Antes de 1800, ninguém falava em aposentadoria. Eram
tempos de trabalho escravo e defendido por normas sociais e apelos filosóficos.
Humanizou-se, depois, legalmente o trabalho. Essas leis, chamadas trabalhistas,
já não se sustentam. Criar-se-á um novo paradigma a sustentar a criatividade
humana, as iniciativas econômicas restritas à limitação do planeta.
Não houve um planejamento explicito para chegar à
Revolução Industrial, nem à Revolução Tecnológica, nem à Revolução Cibernética
Digital. A espécie humana foi levada pelos fatos, pelas necessidades de cada
época. Hoje, os fatos são outros, as necessidades são outras. As soluções serão
outras. A revolução será outra. A Quarta Revolução não é para derrubar
governos. A Revolução do século 21 é proteger e plantar árvores para
devolver ao planeta o que extorquimos dele.
A realidade indica que nossos métodos econômicos não
conseguem resolver os problemas crônicos e cada dia mais presentes. É bom, e com
urgência, lançar os fundamentos para que as futuras gerações encontrem novas
soluções às dificuldades do relacionamento da espécie humana consigo e com
todas as espécies da biodiversidade, que a natureza insiste em defender.
Os fenômenos da natureza não costumam se anunciar com
antecipação, nem o lugar onde irão aparecer, nem escolhem ou discriminam
possíveis vítimas ou expectadores.
A natureza é fatalista e, por isso, temos que estar
preparados para eventuais cataclismos, infestações de vírus e bactérias. Há
evidências de que a complexa atividade humana tem gerado pandemias porque
alterou o ciclo da água e do ecossistema que mantém o equilíbrio ecológico do
planeta. As mudanças climáticas, desde milhares de anos, provocam movimentos de
populações humanas e de outras espécies. Atualmente, quase oito bilhões de
humanos estreitaram, com outras vidas animais, suas relações de convivência e
subsistência. Em consequência as mudanças climáticas atingem a saúde de todos
os seres vivos. Vírus e bactérias viajam juntos no mesmo avião.
– Temos parte no empobrecimento do planeta. Qual é nossa parte na reconstrução e na regeneração dos ecossistemas?
Nos últimos 200 anos foi
intensa a exploração da Terra. O solo se havia mantido quase intato até
estriparmos o ventre do planeta para lhe roubar o gás, o carvão, o petróleo,
além do ouro, da prata e do diamante.
Depende da espécie humana construir, no presente,
infraestruturas que a levem a olhar a natureza e o planeta de maneira distinta.
E isto é possível. As novas gerações revelam a necessidade de nova visão, uma
visão distinta do futuro. Infelizmente, os líderes dos principais países não demonstram
essa visão. A manutenção dos investimentos e da riqueza acumulada continua na
mesa das decisões. São as novas gerações a pôr, sobre a mesa, novas formas de
atuar. Elizabeth Kolbert alertou a
humanidade sobre a sexta extinção silenciosa de espécies animais e vegetais,
sequer percebida pela maioria distraída. A principal autora é a espécie humana.
Milhares de espécies de animais se extinguem pela perda do habitat, das fontes
de alimentação e de água. A cegueira e o sonambulismo anestesiam os
consumidores, cada dia mais vorazes para ter mais e mais. Frente a essa anunciada
catástrofe que atingirá a natureza, é animador ouvir milhares e milhares de
jovens a bradar a declaração universal de uma emergência climática e pedem um
novo olhar verde sobre o planeta. Sim, há esperança!
28.6.2020
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