CERRADO SECO
O conhecimento das coisas da natureza
não se adquire apenas com números e percentuais. A observação cuidadosa e a
comparação física entre fenômenos naturais ocorridos em determinados tempos e
espaços podem oferecer orientações úteis para compreender a natureza.
Há mais de 40 anos acompanho a relação
entre a quantidade de chuvas e o movimento das águas no Sítio das Neves. Nos
últimos dez anos, a irregularidade do volume de chuvas, as precipitações
localizadas, o atraso do período chuvoso, o longo período seco, a evaporação
constante, as queimadas arrasadoras têm provocado um efeito mortal sobre o
aquecimento do ar, do solo e o movimento das águas, O chão está seco, mesmo em
áreas com cobertura vegetal. Consequências: as chuvas de outubro e novembro mal
chegaram a 50 centímetros de profundidade. Não chegaram ao lençol freático que
está a 20 ou 50 metros, não alimentaram
os aquíferos subterrâneos, não acordaram os olhos d’água. O aumento do volume
de córregos e rios é resultado apenas de águas pluviais que escorrem sobre chão
seco ou impermeabilizado. As nascentes continuam soterradas. Dependemos
imprudentemente da chuva
Milhares de metros cúbicos de fumaça
na atmosfera, monóxido e dióxido de carbono de milhões de carros,urbanização galopante, poços artesianos clandestinos, agrotóxicos,
antibióticos expelidos pelas fezes de humanos e animais são levados para nossos
córregos, rios, lagos e oceanos. É dessa água que bebemos. A espécie humana é
uma das maiores contribuintes do aquecimento global. A biodiversidade que vive
em terra, no ar e nas águas está solidariamente em constante risco. Um novo
olhar sobre a natureza é necessário e urgente, orientado pelo Princípio da
Precaução estabelecido há 50 anos, em 1970.
8.12.2019
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