terça-feira, 10 de dezembro de 2019

CERRADO SECO


CERRADO SECO

O conhecimento das coisas da natureza não se adquire apenas com números e percentuais. A observação cuidadosa e a comparação física entre fenômenos naturais ocorridos em determinados tempos e espaços podem oferecer orientações úteis para compreender a natureza.
Há mais de 40 anos acompanho a relação entre a quantidade de chuvas e o movimento das águas no Sítio das Neves. Nos últimos dez anos, a irregularidade do volume de chuvas, as precipitações localizadas, o atraso do período chuvoso, o longo período seco, a evaporação constante, as queimadas arrasadoras têm provocado um efeito mortal sobre o aquecimento do ar, do solo e o movimento das águas, O chão está seco, mesmo em áreas com cobertura vegetal. Consequências: as chuvas de outubro e novembro mal chegaram a 50 centímetros de profundidade. Não chegaram ao lençol freático que está a 20 ou 50 metros, não  alimentaram os aquíferos subterrâneos, não acordaram os olhos d’água. O aumento do volume de córregos e rios é resultado apenas de águas pluviais que escorrem sobre chão seco ou impermeabilizado. As nascentes continuam soterradas. Dependemos imprudentemente da chuva
Milhares de metros cúbicos de fumaça na atmosfera, monóxido e dióxido de carbono de milhões de carros,urbanização galopante, poços artesianos clandestinos, agrotóxicos, antibióticos expelidos pelas fezes de humanos e animais são levados para nossos córregos, rios, lagos e oceanos. É dessa água que bebemos. A espécie humana é uma das maiores contribuintes do aquecimento global. A biodiversidade que vive em terra, no ar e nas águas está solidariamente em constante risco. Um novo olhar sobre a natureza é necessário e urgente, orientado pelo Princípio da Precaução estabelecido há 50 anos, em 1970.

8.12.2019

Nenhum comentário: