PINGOS NOS IIS
Nossos antepassados pisaram
terras da atual América do Norte há 30.000 anos. Na Amazônia, que se estende
sobre Colômbia, Venezuela, Peru, Equador, Bolívia e Brasil há sinais migratórios
de 20.000 anos. Eles nos deixaram como herança a Amazônia.
Para invadir essas terras, limpas
e sadias, há apenas 500 anos, portugueses e espanhóis, munidos de alguns
trabucos, traziam nas bagagens outro conjunto de armas letais, como a varíola,
o vírus da gripe e a gonorreia. Registros históricos
recentemente divulgados por JB Fressoz et C Bonneuil - The Anthropocene and the Global Invironmental Crisis: Rethinking modernity in a new epoch (Press Book. Seuil, Paris, 2017), relatam
que, em algumas dezenas de anos, foram mortos, pelos exploradores, ao redor de
50 milhões de ameríndios, com sua cultura.
Para compreender as
atrocidades que portugueses e espanhóis católicos praticaram para “limpar a área
de seus habitantes” sugiro que se leiam as denúncias de Fray Bartolomé de las Casas
(1474-1566): Brevísima relación de la destrucción
de las Índias Occidentales - 1552.
Avancemos no tempo. A
colonização da Amazônia, na década de 1970, com as vilas agrícolas da Reforma Agrária,
levou ao fracasso milhares de famílias. Em lugar desses habitantes da transamazônica,
madeireiros, mineradores, bovinocultores, sojicultores, arrozeiros, em geral
conduzidos por testas de ferro, inauguraram a nova fase de exploração da Amazônia
denominada “agronegócio de exportação”. Seus verdadeiros donos, nacionais e
internacionais, vivem em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Miami, Suíça, Ilhas
Cayman.
Essa nova fase de exploração agrícola capitalista inaugurou
também o ciclo anual de queimadas que data de 50 a 70 anos. Não é verdade,
portanto, que sempre houve queimadas na Amazônia, com exceção de eventos esporádicos
que possam ter ocorrido há milhares ou milhões de anos. A fonte de ignição,
como raios, só é possível durante a época chuvosa. Nesse caso, o bombeiro é a própria
chuva. Outras fontes de fogo são produzidas pelo explorador (fonte antrópica),
como fósforos, isqueiros ou cigarros. O material combustível é abundante e pode
ter um grande aliado nas condições climáticas do período de estiagem.
A sorte da Amazônia está lançada: aculturação ou morte
de povos nativos, desmatamento, fogo, exploração sistemática de todas as
riquezas naturais, poluição das águas, cujos efeitos agravarão o aquecimento
global.
O crescimento econômico concentrador de capital e
garantidor da desigualdade social é um tema que desafia a espécie humana e o
futuro do HOMO SAPIENS.
Felizmente, as novas gerações estão dando gritos de
alerta em todos os países do planeta.
5.9.2019
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