ECOMUSEU
– COMUNICAÇÃO
AMIGOS
DO ECOMUSEU,
Aos 84 anos, alegro-me em dizer que mais
da metade desse tempo foi dedicada a ouvir e compreender os gritos de uma área
de Cerrado devastada pela mão humana.
Esses anos marcaram meu reencontro com a
natureza. Mostraram-me, claramente, que o tempo de destruição de vidas é curto
e o da regeneração é pacientemente longo.
Compreendi, nesse tempo, o milagre da
vida no planeta. Milagre, porque a vida é inexplicável.
Compreendi a linguagem das árvores e sua
estreita ligação com a água.
Compreendi que somos água e que sou água
falante.
Compreendi que as árvores falam, os
pássaros falam, os insetos falam.
Compreendi que faço parte da
biodiversidade e que, entre os predadores saudáveis no âmbito na natureza, a
espécie humana é a mais eficaz e perigosa.
Compreendi, nesse tempo, que toda vida
morre e toda espécie viva tende a desaparecer. Não desejo que a espécie humana
desapareça como os tiranossauros. É lamentável que a espécie humana acelere o
desaparecimento de milhões de espécies e o próprio desaparecimento.
Compreendi, nesses quarenta e quatro
anos da regeneração da Biocomunidade do Sítio das Neves, que é necessário, para
retardar nosso desaparecimento, um novo olhar sobre a natureza.
Esse novo olhar sobre a natureza está
sendo oferecido pelas crianças e jovens do planeta e imploram à geração atual que
mude seu comportamento demolidor.
Vim, nesta ocasião, dizer aos que
compõem e visitam o ECOMUSEU que é necessário um novo olhar sobre a natureza
para salvar a biodiversidade e salvar a espécie humana.
A vida é um milagre a ser preservado.
A Biocomunidade do Sítio das Neves é uma
congregação de vidas que sustentam o milagre.
Meu sonho, revelado a Aldebarã, é que as
crianças e os jovens do planeta Terra, um dia, se levantem, alcem os braços,
cerquem as florestas, as nascentes de água, os pequenos córregos e impeçam as
derrubadas, os incêndios, e defendam todos os animais e aves que natureza
criou.
Sonho com o dia em que nenhuma árvore
mais será derrubada e que todas se encham de vidas. Por isso, concluo:
Sou a pedra, sou a terra,
Sou o arbusto, sou a planta,
Sou a flor, a íris, a caliandra,
Sou a aranha e a ameba,
Sou o pântano e o olho d’água,
Sou o fruto da mangaba,
Do pequi e do bacupari,
Sou a ave, o gavião, o sabiá,
Sou o peixe, a tartaruga, o caracol,
Sou o gato, o cão, o rato,
Sou o cordeiro, sou o lobo-guará,
Sou você, sou o outro,
E ambos somos todos,
E todos somos a vida
Para um canto universal.
19.6.2019
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