quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

A CASA DOS HORRORES.

ALDEBARÃ E EU
LASCA 46 - A CASA DOS HORRORES.
Que espécie viva é essa minha, homo sapiens, Aldebarã, capaz de fazer poemas à Lua, cultivar flores, inventar máquinas, matar a tiros uma criança de cinco anos, degolar um jovem de dezesseis?
Que espécie viva é a minha, Aldebarã, capaz de se reproduzir, cortar árvores, secar nascentes, aprisionar e deixar morrer de fome milhões de aves indefesas?
Que espécie viva é a minha, Aldebarã, capaz de suspender o atendimento a doentes graves em salas de cirurgia?
Que espécie viva é a minha, Aldebarã, mais interessada na queima de óleo extraído de pedras profundas do que em desfrutar a beleza do universo?
Que espécie viva é a minha, Aldebarã, capaz de forjar o aço, construir armas e espalhar germes mortais pelo planeta?
Que espécie viva é a minha, Aldebarã, capaz de, há" 50 mil anos, extinguir Neandertais, escravizar e eliminar povos da África, das Américas e apavorar os excluídos das favelas modernas?
Que espécie viva é a minha, Aldebarã, capaz de espalhar o culto da morte, do assassinato diário, das guerras de horror entre seres sapiens?
Que espécie viva é a minha, Aldebarã, que, além de predadora das belezas do planeta, é autodestruidora contumaz?
"Entre as armas multipeças encontradas nos sítios dos Cro-magnon estão arpões, lanças, arcos e flechas, os precursores dos rifles, e outras armas modernas."
(Jared Diamond, Armas, Germes e Aço)

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